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Política

Bancada federal de MS critica Bolsonaro e diz estar atenta à crise no Planalto

Senadores convocaram novo Ministro da Defesa, Braga Neto, para dar explicações de interferência política

Gabriela Couto | 30/03/2021 18:00
Comandantes da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez, do Exército, Edson Pujol, e da Marinha, Ilques Barbosa foram substituídos nesta terça-feira (30) (Foto Reprodução)
Comandantes da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez, do Exército, Edson Pujol, e da Marinha, Ilques Barbosa foram substituídos nesta terça-feira (30) (Foto Reprodução)

A crise nas Forças Armadas do Brasil causou preocupação no Congresso Nacional. A bancada federal de Mato Grosso do Sul foi praticamente unânime em criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após os três comandantes colocarem o cargo à disposição após a saída do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.

Antes de Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) apresentarem a decisão em reunião com o novo ministro da Defesa, Braga Netto, nesta terça-feira (30), eles foram comunicados que não permaneceriam no cargo. Foram substituídos a pedido do próprio Bolsonaro.

Para o deputado federal Fabio Trad (PSD) o clima de incerteza que paira sobre a política nacional não é nada bom. “Ruim para a democracia. Forças Armadas em turbulência. Pandemia produzindo cemitérios. O país não pode conviver com um estilo de liderança que cultiva a intolerância e o radicalismo. Urge pacificar os ânimos e tratar os problemas com maturidade democrática.”

Outro integrante da bancada, deputado Dagoberto Nogueira (PDT) foi mais incisivo. “Bolsonaro realmente consegue ser único. Hoje, pela primeira vez na história da política brasileira, os três comandantes das Forças Armadas - Marinha, Aeronáutica e Exército - renunciaram ao mesmo tempo por discordarem do presidente e de suas atitudes golpistas. Desde a Constituição de 1988 nenhum presidente da República ousou interferir nas Forças Armadas da forma como faz agora Bolsonaro.”

Ele destacou que o Congresso Nacional está atento a movimentação do desejo de autogolpe do presidente. “Apesar do risco à democracia que Bolsonaro representa, temos o Congresso e a sociedade conscientes do valor da democracia. A nossa luta é diária e incansável para não permitirmos a volta no nosso país de um regime autoritário e ditatorial”, concluiu Dagoberto.

A opinião do petista e deputado Vander Loubet é que o presidente não consegue consenso com sua equipe de trabalho. “Esse é mais um episódio que retrata o descontrole do presidente Bolsonaro sobre a sua gestão. É um desgoverno e isso ficou mais escancarado ainda desde o início da pandemia. Ele segue querendo fazer uso político das Forças Armadas, fazer uso das tropas para fins particulares. Essa debandada dos comandantes é um sinal claro de insatisfação e de não concordância do alto comando com essas intenções do presidente.”

Faltou diálogo, na opinião da deputada federal Rose Modesto (PSDB). “A gente percebe que a próprios militares não estão conseguindo dialogar. O grande problema é isso, a falta de diálogo. Isso acaba dificultando ainda mais o andamento das coisas. O governo tem a legitimidade para mexer e trocar, mas minha maior preocupação no momento é a vacina. Precisamos nos unir e buscar respostas rápidas. Tentar corrigir a demora que ficou para trás. Chegou o momento que não é hora de buscar culpado, e sim resolver o problema. Não tem tempo mais para politizar”, destacou.

O coordenador da bancada federal, senador Nelsinho Trad (PSD) afirmou que está preocupado com a situação. “Uma situação como essa tem que ser normalizada para o bem do estado democrático de direito. O Senado está atendo e já convocou o novo ministro da Defesa, general Braga Neto, para ir até a instituição para fazer os esclarecimentos no que tange nós homens públicos e a sociedade como um todo. Estamos passado por uma crise sanitária enorme e tudo que não deveria estar acontecendo de desunião, de desentendimento, infelizmente está. Penso que é o momento de nos unirmos e juntos vencer essa covid 19.”

A senadora Simone Tebet (MDB) postou em suas redes sociais que a história não pode ser negada, nem reescrita ou esquecida quando estamos à véspera do dia 31 de março, data que marca o golpe militar no país. “A democracia brasileira já adquiriu imunidade  a possíveis novas variantes autoritárias, mas requer constante atenção a tentativas de volta ao passado.”

Única representante de Mato Grosso do Sul que mostrou tranquilidade com o tema foi a senadora Soraya Thronicke (PSL). “Não considero que isso represente uma crise nas Forças Armadas. As Forças Armadas são instituições de Estado e cumprem um papel dentro do contexto constitucional no qual foram estabelecidas.”

A reportagem entrou em contato com os demais integrantes da bancada federal do Estado, os deputados federais Beto Pereira (PSDB), Bia Cavassi (PSDB), Dr Luiz Ovando (sem partido) e Loester Carlos (PSL) mas até o fechamento desta reportagem eles não retornaram.

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