Cenário eleitoral para 2014 indica pouco candidato e aliança PT-PMDB
O cenário eleitoral para 2014 em Mato Grosso do Sul deve ser com poucos candidatos a governador e existe grande chance de o PMDB e o PT se aliarem, após décadas de rivalidade política no Estado. Em razão de a eleição ser realizada no Estado inteiro, com campanha nos 79 municípios, poucos partidos têm estrutura para lançar candidatos à sucessão do governador André Puccinelli. Já a disputa para o Senado, com apenas uma vaga em disputa, historicamente tende a ter mais concorrentes.
A eleição para governador do Estado poderá ficar com menos candidatos ainda se realmente acontecer a composição de um “chapão” encabeçado na disputa majoritária por PT e PMDB, preconizada por várias lideranças políticas regionais. “Eu trabalho no sentido da união do PMDB com o PT. Acho que vai acontecer isso, tanto que a presidente Dilma já sinalizou para o governador André Puccinelli”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Jerson Domingos (PMDB), advertindo, porém, que esse é um ponto de vista pessoal e que seguirá as determinação do seu partido.
“Acredito que vai ter essa aliança entre André e Delcídio. Acho difícil que isso não aconteça. E o André só vai ser candidato a senador se sair essa aliança. Ele não vai assumir risco”, afirmou liderança de outro partido, optando por não ser identificado.
Favorece essa aliança, com o senador Delcídio do Amaral (PT) para candidato ao governo do Estado e o atual governador André Puccinelli (PMDB) para o Senado, o fator nacional, já que petistas e peemedebistas são aliados e devem continuar juntos na provável candidatura à reeleição da presidenta Dilma Roussef, que teria palanque único em Mato Grosso do Sul.
Além da extraordinária força política dessa aliança entre PMDB e PT, com 45 prefeitos, seis dos oito deputados federais e dois dos três senadores, ainda haveria adesões de vários outros partidos, como PDT, que tem 12 prefeitos no Estado, PR, que tem sete prefeitos, DEM e PDT, com seis prefeitos por legenda, PP, PPS, PRP, PSD, PTB, com um prefeito cada.
Há, contudo, forças políticas defendendo candidatura própria do PMDB em 2014, com dois peemedebistas se sobressaindo como alternativa, o ex-prefeito Nelsinho Trad e a vice-governadora Simone Tebet. Para lhes dar visibilidade, André deve nomeá-los no começo de abril para cargos políticos no primeiro escalão, com o desmembramento da Secretaria de Governo (Segov).
“O único candidato competitivo que o PMDB poderia ter seria Nelsinho Trad, mas não sei se o time do André vai se entusiasmar com ele. Tem quem defenda o nome da vice Simone, mas não tem projeção estadual para enfrentar o Delcídio”, avaliou uma liderança que é favorável ao entendimento entre o PMDB e o PT.
Com o PMDB marchando com candidatura própria ao governo, Delcídio teria preferência de ter o presidente regional do PSDB, deputado federal Reinaldo Azambuja, como companheiro de chapa, disputando a vaga do Senado. Trata-se, porém, de uma possibilidade difícil de ser concretizada.
Embora esteja acenando com a possibilidade de apoiar o senador Delcídio do Amaral no ano que vem, o PSDB terá dificuldade em não lançar candidatura própria ao governo do Estado em razão de ter a obrigação de montar um palanque presidencial em Mato Grosso do Sul. Com o bom desempenho eleitoral em Campo Grande, quase tendo ido para o segundo turno, o deputado federal Reinaldo Azambuja poderá ser candidato a governador, porém muito mais pela imposição do cenário nacional, visto que sabe das dificuldades a enfrentar sem ter apoio de outras legendas fortes e da maioria das lideranças estaduais e municipais.
Jerson Domingos também é cético sobre um acordo que envolva PT e PSDB. “Reinaldo e Delcídio tem relação excelente, mas o problema é a direção nacional dos dois partidos. Será que ela permitem essa aliança?”, questionou o deputado peemedebista. “O PSDB não vai disputar a presidência da República sem ter palanque em Mato Grosso do Sul”, respondeu ele mesmo.
Exemplos de fragilidades eleitorais devido à falta de apoio da classe política para candidatos majoritários sobejam. Na eleição passada para o Senado, em 2010, Dagoberto Nogueira Filho (PDT) sentiu isso na pele. “Eleição se faz com classe política. Eu e o Zeca tentamos fazer sem ela, mas tomamos no nariz. Por isto eu e ele perdemos”, lembrou o principal líder do PDT no Estado. Naquele pleito, Dagoberto perdeu para Waldemir Moka, eleito senador com forte apoio do governador André Puccinelli.
Eleições passadas – A eleição para o governo do Estado em 2010 quando o governador André Puccinelli foi reeleito houve apenas três candidatos. Ele próprio, o ex-governador Zeca do PT e o comerciante Nei Braga (PSOL). A disputa com candidato à reeleição inibe a participação de outros candidatos, especialmente quando avaliação popular do governo é de grande aprovação.
Quanto ao Senado, com duas vagas em disputa há pouco mais de dois anos, concorreram quatro: Delcídio do Amaral (PT), Waldemir Moka (PMDB), ambos eleitos, Dagoberto Nogueira (PDT) e Murilo Zauith (na época filiado ao DEM e hoje no PSB).
Eleição mais similar com a situação que será encontrada em 2014 é o pleito realizado em 2006. Naquela disputa, seis disputaram o governo do Estado: André Puccinelli (PMDB), Delcídio do Amaral (PT), Carlos Alberto Dutra (PSOL), Elizeu Amarilha (PSC) e Tito Lívio Canton (PV), cujo registro de candidatura acabou sendo negado.
A concorrência pela única vaga do Senado em 2006 foi ainda mais acirrada, com sete políticos disputando-a: Marisa Serrano (PSDB), que foi eleita com apoio de Puccinelli, Egon Krakhecke (PT), João Leite Schimidt (PDT), Anita Terezinha Nunes Borga (PSOL), Carlos Leite (PV), Suel Ferranti (PSTU) e Ionaldo José Arce (PR).