Dança do ventre e funk pode nas escolas? Discussão na Assembleia foi acalorada
Projeto do deputado estadual Renan Contar (PL) levantou questões que são exclusivas de educadores
"Dentro de sala de aula não, vai fazer na sua casa!", disse o deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar (PL), ao rebater o petista Pedro Kemp que questionou se dança do ventre estaria censurada no projeto de autoria do bolsonarista, que proíbe exposição de crianças e adolescentes no âmbito escolar, a danças que aludam a sexualização precoce.
O projeto recebeu vistas do deputado Marçal Filho (PSDB) que pediu mais um dia de prazo para analisar as emendas incorporadas ao texto que causou polêmica em Plenário. Além de proibir danças, a proposta prevê a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à erotização infantil, nas escolas públicas e privadas do Estado.
Ao defender o texto, Contar afirmou que o ambiente escolar é sagrado. "Ali que se constroem o futuro da nação, são depositadas a esperança de milhões de pais e mães. Sala de aula é lugar de ensinar e aprender."
Mas os argumentos foram rebatidos por Kemp. "Esse projeto foi reprovado pela Fetems e recebemos manifestações de professores da UEMS condenando a aprovação desse projeto. A questão é a Assembleia Legislativa censurar apresentações culturais na escola, com esse discurso de que algumas apresentações podem ser consideradas erotizantes", destacou.
Ele acrescentou que a escola é formada por profissionais que estão aptos a decidir o que é adequado e o que não é adequado. "Eles têm competência e qualificação para distinguir as atividades apropriadas e inapropriadas aos alunos. Não há plausavibilidade para sustentar o projeto apresentado. Se aprovarmos vamos dar instrumento para que muitos professores sejam denunciados de uma forma injusta e não fundamentada. Não podemos criar empecilhos para a escola atuar de forma livre, como prevê a Constituição Federal."
Evander Vendramini (PP) afirmou que apoia o projeto de Contar. "Nós precisamos de mais educação correta, sem usar nossas crianças. Acho que esse é o caminho. Quando começarem a exagerar a legislação está aí justamente para proibir", ponderou.
Já Gerson Claro (PP) aprovou para inserir mais um estilo de dança. "Não sou eu que vou dizer se a dança do ventre é erótica ou não. Cabe ao educador que é formado e preparado para definir isso. Não tem lá quais são as dança são consideradas erotizadas ou não. O projeto visa conscientizar e chamar atenção para um exagero. Não quero dizer que por exemplo pode ter funk. A competência está estabelecida que cada escola e educador saiba que não pode ocorrer o exagero."
A discussão será retomada na votação de amanhã (17), durante a sessão ordinária. A população pode acompanhar a tramitação do texto ao vivo, por meio das redes sociais e do canal da Assembleia Legislativa, a partir das 9h.