Em frente a cartório, declarar apoio a partido de Bolsonaro custa até R$ 75
Até às 10h, mutirão recolheu cerca de 200 assinaturas, segundo organização
Oficializar apoio ao Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro pretende criar, pode custar até R$ 75,80. O valor é a soma dos custos com abertura e reconhecimento de firma no cartório do 1º Ofício de Notas, na Rua Euclides da Cunha, e da camiseta verde, azul e amarela com o 38 estampado, vendida pelos seis grupos que organizaram o primeiro mutirão de recolhimento de assinaturas para viabilizar a criação da legenda.
Em frente ao Cartório Tomazoni, os movimentos Pátria Livre, Chega de Impostos, Avança, Fora Corruptos, NasRuas MS e QG dos Voluntários montaram três tendas enfeitadas com bandeiras do Brasil, na manhã deste sábado (25). O tabelionato, diferentemente de qualquer outro fim de semana, funciona hoje até o meio-dia.
Na porta, um cartaz explica que “excepcionalmente neste sábado”, o cartório está “aberto para toda a população”, “conforme decisão do Juiz do Foro de Campo Grande”. Em nota publicada no Instagram, está acrescida a informação que usuários solicitaram a abertura e o cartório submeteu o pedido à Justiça.
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Nas tendas, pessoas que souberam do mutirão e foram até o local recebem orientação de como se desfiliar de partidos dos quais fazem parte e como podem declarar apoio à criação do Aliança pelo Brasil. Em duas horas, cerca de 200 assinaturas foram recolhidas, segundo a professora universitária Fabrícia Sales, uma das organizadoras.
Pelo menos 491.967 eleitores precisam declarar apoio oficial à abertura de um novo partido no Brasil. O número de assinaturas exigido é o equivalente a no mínimo 0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos. Para conseguir lançar candidatos nas eleições municipais deste ano, o Aliança pelo Brasil precisa ter o quase meio milhão de assinaturas até abril deste ano, seis meses antes do pleito.
Fabrícia explica que “a orientação de Brasília” é reconhecer firma das assinaturas, por isso a ideia de fazer a força-tarefa em frente a um cartório. Segundo funcionário do tabelionato, nestas mesmas duas horas – entre 8h e 10h –, 97 senhas foram distribuídas , 43 para o atendimento normal e 54 para o preferencial. Realmente, muitos idosos foram ao local dar a assinatura.
O cliente tem de desembolsar R$ 29,70 para abrir firma no Tomazoni e para reconhecer a assinatura, mais R$ 11,10 – R$ 40,80 no total.
Palanque – Como forme de incentivar os voluntários a emprestarem seus nomes para ajudar na criação do partido de Bolsonaro, os seis movimentos também investiram no aluguel de um trio elétrico, onde lideranças dos grupos repetem o discurso que elegeu o presidente. “É o primeiro ato para ajudar na criação, mutirão de apoiamento (sic)”, disse Fabrícia Sales.
Os organizadores do mutirão defendem que o Aliança pelo Brasil será uma legenda mais condizente com “as expectativas do povo que o elegeu” e o “primeiro partido de direita do Brasil”.
No palanque, os discursos também são contra “as bandeiras de esquerda”, o socialismo, o comunismo e embora saiam da boca de integrantes de seis movimentos sócio-políticos, são de repúdio a outras organizações, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra). Os grupos dizem ser apartidários, apesar de terem se unido para ajudar na criação de um partido.
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Apoiadores – A aposentada, Ivone dos Santos Pereira, de 66 anos, colocou o nome numa das fichas de apoio. Ele diz se “encantada” por Jair Bolsonaro. “Gosto da sinceridade dele e acho que ele tem uma excelente equipe. Nunca me filiei a partido, nem no PSL, mas depois dessa saída do Bolsonaro do PSL, quero me filiar”.
Pecuarista e empresário, Valdo Batista de Souza, 71, afirma que o novo partido é a “esperança de um País melhor”. “Será o primeiro de direita do País. Espero que promova o desenvolvimento das pessoas, do País, da economia e saúde”.
Carlos Trapp, pastor da Igreja Batista de 64 anos, é um pouco mais crítico. “Ele é radical demais em alguns momentos, tem de ser mais cuidadoso com o que ele fala”, mas mesmo assim apoia o surgimento da legenda e espera que a mesma tenha candidatos já nas próximas eleições.
Dentre as poucas pessoas mais jovens que foram ao mutirão, Helder Zoz, de 37 anos, diz que acredita num partido que fará a diferença e vai acabar “com a velha política”. O professor e administrador é de Terenos e esteve no cartório hoje para “pegar experiência” e promover força-tarefa parecida na cidade do interior.