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Política

Gaeco diz que reviravolta é “conversa de bêbado” e não afeta Coffee Break

Aline dos Santos | 16/02/2016 13:50
Segundo Marcos Alex, tentativa de desqualificar operação vai fracassar. (Foto: Fernando Antunes)
Segundo Marcos Alex, tentativa de desqualificar operação vai fracassar. (Foto: Fernando Antunes)

A mudança de versão de uma das testemunhas da Coffee Break não afeta os resultados da operação. A análise é do promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, que reuniu jornalistas nesta terça-feira, e se disse surpreso com as novas declarações do guarda municipal Fabiano de Oliveira Neves.

O promotor comanda o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do MPE (Ministério Público do Estado) que investigou as denúncias de compra de votos de vereadores para cassação de Alcides Bernal (PP) em 2014.

Hoje, Fabiano foi à sede do grupo, acompanhado pelo advogado Diogo Godói. Contudo, não prestou novo depoimento porque, segundo o promotor, não haveria como se retratar por algo que não disse. No caso, a ligação do ex-governador André Puccinelli (PMDB) com a suposto esquema para cassação. “Não estou entendendo nada. Ele não cita o nome do André Puccinelli. Parece conversa de bêbado”, afirma Marcos Alex.

Apesar de a possibilidade do depoimento ter sido forjado em benefício de Bernal, o promotor afirma que o relato de Fabiano não é o único elemento de prova. “É um elemento de prova junto com os demais. Tem interceptação telefônica, análise de mensagens de texto, análise de dados bancários e fiscais. O depoimento reflete reuniões, confirmada em parte por outros depoimentos”, diz.

O relatório da Coffee Break, que atualmente está na PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça), aponta o envolvimento de dois ex-prefeitos, empresários e 13 vereadores na suposta compra de votos para cassar o mandato de Bernal. O documento deu entrada na PGJ em dezembro e agora aguarda dados bancários.

Em seguida, o MPE decide se faz denúncia à Justiça. A operação foi realizada em 25 de agosto e resultou no afastamento de Gilmar Olarte (PP) do comando da prefeitura.

O depoimento – A mudança no depoimento do guarda municipal, que alega ter sofrido coação para “adicionar fatos” veio após cinco meses. O promotor relata que o depoimento de Fabiano foi colhido em 16 de setembro do ano passado.

Dois dias antes, em 14 de setembro, o guarda, que era motorista do prefeito afastado Gilmar Olarte (PP), havia prestado depoimento à PF (Polícia Federal), que, por sua vez, acionou o Gaeco. Para Marcos Alex, a nova versão é para desqualificar as provas. "Tentativa essa que fracassará. Uma coisa vai ficar muita clara, poque toda e qualquer situação que coloque em dúvida o trabalho do Gaeco sera rebatida. Nao deixaremos passar qualquer tipo de insinuação", afirma. 

Fabiano foi ao Gaeco com uma cópia de áudio de conversa entre ele e o advogado Antonio Trindade. São 36 minutos de diálogo que, pela versão do ex-motorista, confirmam que partes do depoimento foram forjados. Outro indicio de fraudes seria troca de mensagens por WhatsApp no dia do depoimento ao Gaeco.

Segundo a testemunha, a retribuição por fazer as denúncias seria ser lotado na Câmara Municipal e pagamento de verbas rescisórias de sua mãe, que era diretora no Instituto Mirim. “Só queria trabalhar em paz e não ser exonerado da prefeitura”, diz.

Ao deixar o Gaeco, o advogado de Fabiano disse que deve anexar mudança no depoimento por escrito. Caso um depoente minta, ele pode responder por crime de falso testemunho. Se for funcionário público, caso do guarda, pode ser configurado corrupção passiva por recebimento de vantagens.

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