Governo de "ideias" de Ciro Gomes tem plebiscitos e auxílio de R$ 1 mil
Ciro Gomes (PDT) ainda defendeu a federalização do combate ao tráfico e criação da lei "antiganância"
Segundo presidenciável a ser entrevistado por Willian Boner e Renata Vasconcelos no Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (23) Ciro Gomes (PDT) fez promessas ambiciosas que vão desde a total reestruturação do modelo político brasileiro, auxílio de R$ 1 mil para os mais pobres e plebiscitos para que a população participe mais ativamente das “decisões do governo”.
Logo de início ao ser questionado se a forma ofensiva como se refere aos outros candidatos – especialmente Lula (PT) e Bolsonaro (PL) – , não atiça ainda mais a polarização política que ele tanto critica, Ciro tentou se esquivar, mas acabou admitindo que pretende “reavaliar seu discurso” para não acirrar os ânimos da disputa.
No campo da economia, Ciro prometeu instituir auxílio de R$ 1 mil para famílias carentes, que será financiado com a taxação de grandes fortunas e através da reestruturação de programas sociais de distribuição de renda. O benefício é estimado em R$ 297 bilhões. Segundo o candidato à presidência, seu objetivo é colocar em prática um “governo de ideias” pautado por inúmeras reformas políticas, fiscais e econômicas.
Questionado se para colocar tais reformas em prática ele não dependeria de eventuais alianças com outros políticos, Ciro comentou que “esse presidencialismo de coalizão e de adesão ao Centrão, é a certeza de crise eterna”. Se eleito, o candidato à presidência promete criar a regra dos plebiscitos, que na prática seriam votações abertas aos brasileiros para que o povo opine, sobre os mais diversos projetos políticos.
Nos primeiros seis meses de governo, caso seja eleito, Ciro pretende “discutir novas ideias, celebrar a cumplicidade com o povo brasileiro, negociar, ampliar negociações com governadores e prefeitos”, defende. Gomes ainda reiterou que faz parte das estratégias do seu plano de governo, não se candidatar à reeleição. “Vou cuidar de fazer a reforma que o Brasil precisa, sem reeleição”, diz.
No campo do meio ambiente, Ciro se comprometeu a mapear toda as áreas de preservação e produtivas do país, para tentar barrar desmatamentos em áreas protegidas, e também se comprometeu a agir continuamente nas áreas de risco para enchentes e desmoronamentos, dentre outras tragédias ambientais. Quanto à segurança, Ciro defendeu a federalização do combate ao crime organizado. Ou seja, descentralizar o combate ao tráfico nas favelas, por exemplo, permitindo a atuação da Polícia Federal e não apenas à Polícia Militar. A proposta é semelhante à que ele fez na campanha de 2002.
Em suas considerações finais, sem mais tempo para explanação, Ciro aproveitou para divulgar o seu site de governo, que será lançado no próximo dia 5 e também anunciou a lei “anti-ganância” que pretende instituir.
“Quero colocar uma lei em vigor no Brasil que eu conheço da Inglaterra, que é assim: todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do cheque especial, ao pagar duas vezes a dívida que tem, fica quitada por lei essa coisa”, disse. Na prática, tal lei limitaria a cobrança de juros por parte das instituições financeiras.
Gomes finalizou mandando o recado. “A ciência de errar é repetir as mesmas coisas do passado, e imaginar que vai ter resultado diferente, não vai. Me ajude a aliviar o Brasil dessa bola de chumbo do passado. Vamos nos esperançar de novo. Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dê uma chance. Você que volta no Lula, porque não quer mais o Bolsonaro há um país para governar. E você indeciso, sabe quantos são vocês? Mais da metade da população. Está nas mãos de vocês mudar o Brasil”, concluiu.
Entrevistas com os candidatos - Ciro Gomes (PDT) foi o segundo presidenciável a ser entrevistado pelos apresentadores. Ontem (22), quem se pronunciou foi o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Lula será entrevistado na quinta (25); e Simone Tebet na sexta (26). Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas. Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura.