Grupo contra "lei da mordaça" chega de madrugada para sessão na Câmara
Veto ao projeto de lei será analisado nesta quinta-feira pelos vereadores
Manifestantes contra a “lei da mordaça”, projeto de lei aprovado na Câmara Municipal, que restringe a discussão de política, religião e gênero nas escolas, madrugaram na casa de leis, nesta quinta-feira (9). Hoje, o veto à proposta será analisado pelos vereadores da Capital. Se eles decidirem derrubar a proibição, o projeto se tornará lei, mas se a maioria votar pela manutenção do veto, a proposta será arquivada de vez.
As portas do Legislativo Municipal ainda estão fechadas e por lá há ao menos 50 pessoas que chegaram bem cedo para garantir um lugar dentro do plenário. Mesmo com o frio intenso na madrugada, quatro pessoas montaram uma barraca em frente ao prédio, localizado na Avenida Ricardo Brandão. Eles contam com a ajuda de pessoas que levaram café, chã e pão.
Diego Rodrigues, 29 anos, estudante e técnico da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), chegou por volta das 4h30 na Câmara. Ele defende a manutenção do veto para “garantir os direitos dos alunos e professores”. “O projeto priva o educador”, disse.
Embora a lei, se aplicada, terá vigor somente em Campo Grande, o farmacêutico Davi Master, 24 anos, é de Três Lagoas, mas resolveu apoiar o movimento – chegou às 5 horas no prédio. “O projeto é um cerceamento do professor e priva os alunos de obterem mais conhecimento”.
A assistente social Ana Claudia Ladesma, 36 anos, faz parte do grupo que resolveu acampar por lá. Para ela, o veto deve ser mantido, pois, trata-se “de um retrocesso e inconstitucional”.
A entrada dos manifestantes acontecerá por meio de distribuição de senhas. A expectativa é que protestantes a favor do projeto também acompanhem a votação, mas, até o momento, só o pessoal contrário à legislação aguarda a entrada.
Polêmica – O projeto foi aprovado há mais de um mês na Câmara e gerou repercussão imediata. A maioria dos manifestantes que foi ao Legislativo Municipal protestar era contra a proposta. Na prática, a ideia é afixar cartazes nas escolas informando o que o professor não pode falar em sala de aula: questão de gênero, política e religião.
Na ocasião, o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), comparou à lei com a ditadura militar e a vetou em seguida. Para evitar confusão, como a que ocorreu recentemente, a Câmara decidiu reforçar a segurança. Entre os que estão contra a lei, estão professores e a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), enquanto entre os a favor estão movimentos religiosos e o Escola Sem Partido.