Índios protestam na Câmara depois de fala polêmica de vereador
Líderes indígenas ocuparam o plenário da Câmara Municipal de Campo Grande, na manhã de hoje (8), para acompanhar a sessão no Plenário da Casa Leis um dia depois do vereador André Salineiro usar a tribuna para criticar o bloqueio da rodoviá BR-163, na manhã de terça-feira (6).
Os representantes de aldeias da Capital e região pediram retratação por parte do político, que iniciou fez discurso pedindo desculpas. "Reconhecer os erros é uma virtude, mas afirmo que a luta de uns não pode retirar o direito de outros", afirmou Salineiro. "O protesto na minha fala não foi contra o povo indígena, mas sim contra protestos que proíbem o direito de ir e vir, inclusive os dos sem-terra", justificou.
Para o vereador, o bloqueio de vias não é a melhor alternativa para que determinadas situações sejam resolvidas, visto que afeta outras pessoas. "Soube que um senhor portador de câncer foi barrado no protesto e perdeu uma consulta que já estava marcada há três meses", citou André, reforçando ser contra a ação. Durante o movimento, uma pessoa chegou a passar mal na rodovia.
Cacique da Aldeia Córrego do Meio, de Sidrolândia, Genivaldo Antônio Santos, reclamou que a fala do vereador, que é policial federal, "incitou a violência e trouxe indignação para nossa comunidade". O cacique diz, ainda, que durante o protesto a pista estava sendo parcialmente liberada na ocasião da manifestação. "Nós estávamos liberando a cada dez minutos até mesmo por orientação dos policiais que estavam no local", concluiu Genivaldo.
Confusão - A fala do vereador que provocou descontentamento dos indígenas foi durante discurso na Casa de Leis, na manhã de ontem (7). Salineiro fez críticas ao protestos na BR-163, dizendo ser necessário o policiamento nesses locais.
"Se não tiver conversa, tem que descer o cacete mesmo. Tem que apanhar, que eles vão revidar", afirmou o político, na ocasião. O vereador já havia enviado nota de retratação à imprensa, justificando sua fala.
No documento, Salineiro destacou que se "referia aos protestos que tiram O DIREITO DE IR E VIR das pessoas e reafirmou não ser contra as causas indígenas.
Em relação ao termo usado para indicar a possível necessidade de agressão, o vereador afirmou que se referia "à necessidade do uso progressivo da força em caso de delitos, sejam eles quais forem. O Estado precisa usar da força necessária para conter o crime, o ideal é conseguir resolver sem uso da força, porém muitas vezes isso não acontece", afirmou.