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Política

João Baird usa pandemia para fugir de interrogatório

Depoimentos de 21 acusados de tramar cassação de Alcides Bernal da prefeitura vão até semana que vem

Marta Ferreira | 20/05/2021 19:58
João Amorim durante audiência por videoconferência nesta quinta-feira (20), no processo derivado da operação Coffee Break. (Foto: Reprodução de vídeo)
João Amorim durante audiência por videoconferência nesta quinta-feira (20), no processo derivado da operação Coffee Break. (Foto: Reprodução de vídeo)

O empresário João Baird usou a pandemia de covid-19 para explicar sua ausência em sessão judicial ocorrida nesta tarde para a continuidade dos depoimentos de réus da operação Coffee Break, dedicada à investigação de suposto esquema para cassar Alcides Bernal (PP) da prefeitura de Campo Grande, em 2013. João Amorim, outro empresário acusado de participar de complô político, compareceu e negou qualquer irregularidade nas conversas flagradas durante as apurações.

Diante das perguntas e de exposições de áudios que indicariam sua participação em tratativas para “comprar” a cassação de Alcides Bernal na Câmara de Vereadores, Amorim respondeu sempre em tom de negativa.

Foi perguntado se foi sua a mentoria da cassação, que acabou sendo invalidada na justiça depois. Disse apenas não.

Também foi indagado sobre diálogos com vereadores, nos quais receberia “prestação de contas” sobre o andamento do processo para retirar Bernal do cargo, de acordo com a denúncia da promotoria. Rejeitou a tese, afirmando serem conversas “normais”.

É muito simples, Doutor David, a minha empresa sempre foi, há muito tempo, é uma das empresas de determinado porte aqui no Estado. E é muito comum, vários vereadores quererem falar com nossos funcionários. E a gente sempre abriu para os vereadores irem lá falar suas propostas”, afirmou João Amorim, dono da Proteco Engenharia.

 “Eu devo ter feito vários telefonemas para saber como estavam as coisas a título de saber como estavam as coisas”, garantiu.

 O juiz do caso, David de Oliveira Lima, interrogou João Amorim sobre possíveis encontros com o ex-prefeito Gilmar Olarte, que assumiu a vaga de Bernal, pois era vice-prefeito na chapa. O empresário assegurou que elas só ocorreram depois que Olarte estava na função de prefeito.

“Cafezinho” – No interrogatório, o magistrado quis saber dos áudios de telefonemas em que a expressão “tomar um cafezinho”, é lida pela acusação como disfarce para combinar o pagamento de propinas.

Amorim negou. Disse que tomar chamar as pessoas para tomar um café, um tereré, é rotina na vida das pessoas.

Isolado - João Baird, o réu faltoso, informou por meio da defesa estar isolado na fazenda de sua propriedade, por causa do risco de contrair convid-19, e por isso não participou da sessão, apesar de o procedimento ter sido realizado por videoconferência.

Amigo de Amorim, como ele mesmo confirmou ao juiz, Baird é dono da Itel Informática, empresa que tinha contratos com a prefeitura de Campo Grande. A Itel figura no polo passivo da ação, assim como a Proteco de João Amorim.

 Hoje foi o terceiro dia das audiências para ouvir 21 réus da Cofeee Break, entre os quais estão ex-vereadores e o ex-governador André Puccinelli (MDB), que estava marcado para depor na segunda-feira, mas conseguiu decisão para suspender o ato.

 Nesta sexta-feira (21), estão marcados mais 4 depoimentos. Gilmar Olarte, preso desde o dia 5 por condenação em ação criminal por corrupção e lavagem de dinheiro, tem interrogatório previsto para esta manhã.

Depois dessa fase da ação, serão ouvidas as as testemunhas de acusação, depois as defesa. Na sequência, são apresentadas as alegações finais de advogados e promotoria. Só aí o juiz terá condições de sentenciar a ação.

 Os réus são acusados de improbidade administrativa.

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