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Política

Juiz aceita denúncia contra Bumlai, nora e filho por corrupção e fraude

Michel Faustino | 15/12/2015 18:08
Bumlai e Lula tinham estreita relação e foi em um encontro entre os dois em Campo Grande que ele assinou contrato de empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin para repassar ao caixa dois do Partido dos Trabalhadores. (Foto:Cristiano Mariz/VEJA)
Bumlai e Lula tinham estreita relação e foi em um encontro entre os dois em Campo Grande que ele assinou contrato de empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin para repassar ao caixa dois do Partido dos Trabalhadores. (Foto:Cristiano Mariz/VEJA)

O juiz Sérgio Moro aceitou nesta terça-feira (15) a denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal) contra o pecuarista sul-mato-grossense José Carlos Bumlai, o filho, Maurício Bumlai, e a nora, Cristiane Dodero Bumlai, e mais oito pessoas investigadas na Operação Passe Livre - a 21ª fase da Lava-Jato, que agora se tornam réus da investigação por envolvimento em crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta.

Bumlai foi o titular do empréstimo de R$ 12 milhões junto ao banco Schahin para o PT (Partido dos Trabalhadores), fato que até ontem ao ser interrogado pela Polícia Federal, relutava em admitir. O empréstimo foi tomado em 2004, rolado e jamais pago. Com o favorecimento do partido por meio do empréstimo, o grupo Schahin, cujo banco era apenas uma de suas empresas, criou condições para ser beneficiado com o milionário negócio da operação do navio-sonda Vitória 10.000, contratado pela Petrobras. O valor do contrato, por 20 anos de operação, é de U$ 1,6 bilhão.

O crime de corrupção se caracterizou com o recebimento dos R$ 12 milhões em nome próprio e a não quitação do empréstimo, uma vez que o banco fez operações financeiras fictícias para dar ares de legalidade à negociação. Essas operações seriam fonte de vantagem para Bumlai. A moeda de troca para a quitação teria sido o contrato com a Petrobras.

Além do pecuarista, e seus familiares também tornam-se réus nessa ação da Lava-Jato, o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano; Fernando Schahin, Salim Taufic Schahin e Milton Taufic Schahin, executivos do banco concedente do crédito ao pecuarista; Nestor Cuñat Cerveró, Jorge Zelada e Eduardo Costa Vaz Musa, ex-executivos da Petrobras beneficiados com propina resultante da contratação da operadora Schahin; e, João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, que teria influenciado na negociação.

Sérgio Moro observou que o MPF esclareceu que deixou de denunciar agora o também ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-ministro José Dirceu, um dos executivos do Grupo Schahin, Carlos Eduardo Schahin e o ex-gerente da Petrobras, Luis Carlos Moreira porque as investigações quanto à participação deles ainda está estão em curso.

Na decisão, o juiz também fez referência à unidade da investigação para evitar um novo fatiamento. “Ainda sobre questões de validade, esclareça-se, por oportuno, que a competência, em princípio, é deste Juízo, em decorrência da conexão e continência com os demais casos da Operação Lava-Jato e da prevenção, já que a primeira operação de lavagem consumou-se em Londrina (PR) e foi primeiramente distribuída a este Juízo, tornando-o prevento para as subsequentes. Dispersar os casos e provas em todo o território nacional prejudicará as investigações e a compreensão do todo, conforme contexto acima já explicitado”, frisou.

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