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Política

Lula fala em pacificar o Brasil e promete acabar com o “orçamento secreto”

"Precisamos fazer com o que o brasileiro volte a viver com dignidade”, disse Lula em entrevista ao JN

Adriano Fernandes | 25/08/2022 21:12
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Candidato à presidência Luíz Inácio Lula da Silva. (Foto: Reprodução/FacebookOficial/Lula)
Candidato à presidência Luíz Inácio Lula da Silva. (Foto: Reprodução/FacebookOficial/Lula)

Terceiro candidato à presidência a ser entrevistado pelos apresentadores Willian Bonner e Renata Vasconcelos, nesta quinta-feira (25) o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Sílvia, disse que vai criar mais mecanismos de combate à corrupção, caso seja eleito; garantiu que o seu vice Geraldo Alckmin (PSB) já foi aceito pelo PT de “corpo de alma” e prometeu acabar com o “orçamento secreto”. Segundo Lula, sua intenção é "pacificar" o Brasil.

Logo de início, os apresentadores perguntaram a Lula, quais medidas o candidato irá  adotar para evitar novos escândalos de corrupção como os que que marcaram as gestões do PT enquanto ele e, na sequência Dilma Rousseff ocupavam o cargo mais importante da política brasileira.

“Criando mecanismos para investigar qualquer delito que ocorrer na política brasileira”, afirmou Lula ao comentar que vai garantir total autonomia à instituições como a Polícia Federal, Ministério Público e COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Segundo o candidato, todas as ferramentas que permitiram a descoberta dos escândalos de corrupção no Governo Federal, surgiram de instituições que foram fortalecidas enquanto ele era presidente. “A seriedade das instituições é o que vai garantir a segurança desse país”, completou. No campo da economia, Lula se diz confiante em “recuperar o equilíbrio das contas”, mesmo diante das previsões de economistas, que reiteradamente afirmam que o próximo presidente terá de lidar com uma “bomba fiscal” jamais vista n história do país. Tamanha tranquilidade é fruto da experiência de dois mandatos como presidente, diz o candidato.

“Quando tomei posse o Brasil tinha 10,5 % de inflação. O Brasil tinha 12% de desemprego, devia 30 bilhões ao FMI, tínhamos uma dívida pública de 60,4%. O que nós fizemos? Reduzimos a inflação, nós reduzimos a dívida pública para 39%, fizemos reserva de R$ 370 milhões de dólares e a maior política de inclusão social para o país. É assim que nós vamos governar esse país”, defendeu Lula.

Lula, Bonner e Renata no estúdio, antes do início da entrevista. (Foto: Marcos Serra Lima/g1)
Lula, Bonner e Renata no estúdio, antes do início da entrevista. (Foto: Marcos Serra Lima/g1)

Ao ser questionado se adotaria uma postura semelhante à de suas gestões anteriores, caso volte a ser eleito, Lula disse que quer voltar a governar “para fazer melhor do que já fez”. Lula disse que vai manter as negociações com o Congresso, sem se render ao Centrão e prometeu que vai acabar com o “orçamento secreto”. “Isso (orçamento secreto) é um escárnio, não é uma democracia. Vou acabar com o orçamento secreto conversando com os deputados”, disse.

O "orçamento secreto" designa valores destinados a deputados e senadores para a realização de projetos em suas bases eleitorais. Os montantes não distribuídos de forma igualitária o que fere a Constituição por não respeitar a “transparência” na divisão das verbas, na avaliação do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União). O modelo também distorce as regras ao permitir que os presidentes da Câmara, do Senado e o relator do Orçamento decidam quem vai indicar as emendas parlamentares e receber dinheiro público.

Lula também comentou sobre uma das maiores polêmicas, desde que anunciou que iria concorrer as eleições mais uma vez. A escolha do seu vice o ex-prefeito de São Paulo e ex-rival político Geraldo Alckmin (PSB). Luiz Inácio disse que aposta na experiência do vice para ajudá-lo a “consertar o país” e ao contrário do que muitos pensam, apesar das rixas do passado Alckimin já é bem visto na militância do PT, garante Lula. “O Alckmin já foi aceito pelo PT de corpo de alma. Eu estou com ciúmes do Alckmin ele fez um discurso no dia 7 de maio, que eu fiquei com inveja, foi aplaudido de pé”, brincou Lula.

Em sua justificativa pela escolha do vice, Lula ainda afirmou que os seus adversários políticos nunca foram seus inimigos. “Política é assim, você tem divergência, brigas, mas não é inimigo”, comentou. Segundo o candidato, a polarização faz parte da política, mas o respeito deve sempre prevalecer. “Toda vez que tem mais que uma pessoa participando em uma disputa, quando se tem democracia, a polarização ela é saudável, estimulante, faz a militância ir para a rua. O que é importante é não confundir polarização com estimulo ao ódio”, pontuou.

Lula foi lembrado pelos apresentadores de que o agronegócio foi um dos setores que mais cresceu durante as suas gestões como presidente. Entretanto, este é justamente um dos grupos no qual ele tem menor popularidade nas eleições deste ano. Questionado se essa aversão, seria por conta da sua proximidade com o MST (Movimento Sem Terra), Lula disse que não.

“Eu atribuo essa resistência à nossa política em defesa da Amazônia, do Pantanal, da Mata Atlântica, na luta contra o desmatamento”, comentou Lula, ponderando que há uma grande ala no setor que é a favor da comunhão entre produção agrícola e preservação do meio ambiente, conforme prega o seu modelo de governo.

“O empresário sério que exporta, que tem negócio com a China, com a Europa também quer preservar os rios, a fauna, a flora. O pequeno produtor o médio e o grande têm que viver pacificamente. Nós temos que explorar corretamente, cientificamente as riquezas do nosso país e gerar emprego”, comentou. Segundo Luiz Inácio Lula da Silva é preciso pacificar o país. "O Bolsonaro está ganhando o fazendeiro porque está liberando arma. Tem gente que acha que é bom ter arma em casa, que acha que é bom matar alguém. Não, o que nós queremos é pacificar esse país", disse.

Em suas considerações finais, Lula afirmou.

“Nós já provamos que é possível cuidar do povo brasileiro, não gosto de utilizar a palavra governar. Nós vamos colocar o pobre no orçamento do país. Tentar fazer com que as pessoas cheguem nas universidades e vocês sabem que eu tenho orgulho de ter passado pela história como o presidente que mais fez escola pública, mais fez escola técnica, universidades. Nós pegamos o Brasil com 3,5 milhões de estudantes universitários e entregamos com 8 milhões. Ou seja, esse é um pais do futuro, do futuro que nós precisamos construir. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico, sem investir na educação. Nós vamos voltar para poder investir na geração de empregos; temos quase 70% endividados no país e a maioria são mulheres, que não conseguem pagar a luz, a água, o gás, nós vamos negociar essa dívida, pode ficar tranquilo que nós vamos negociar com o setor privado, e com o sistema financeiro porque nós precisamos fazer com o que o brasileiro volte a viver com dignidade”, concluiu.

Entrevistas com os candidatos - Lula (PT) foi o terceiro candidato à presidência a ser entrevistado pelos apresentadores. Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT) também foram ouvidos nesta semana e amanhã (26), Simone Tebet (MDB) encerra a série de sabatinas. Um sorteio realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos definiu as datas e a ordem das entrevistas.

Foram convidados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa divulgada pelo Datafolha em 28 de julho: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet e André Janones (Avante), que depois retirou a candidatura.

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