MPE quer provas da PF para investigar André e fazendas de “laranjas”
A Justiça Federal recebeu pedido do MPE (Ministério Público do Estado) para compartilhar provas da 4ª fase da operação Lama Asfáltica, realizada pela PF (Polícia Federal). A solicitação é para instruir o procedimento preparatório 06.2016.00000759-9, “especificamente no que tange a André Puccinelli”. A apuração na promotoria estadual é sobre denúncia de que o ex-governador teria fazendas em nome de “laranjas”.
O MPF (Ministério Público Federal) informou que podem ser liberados dados e que, no caso dos sigilosos, somente os que se relacionam a Puccinelli. Contudo, a Justiça quer que o órgão detalhe quais páginas e mídias podem ser compartilhadas.
“Vê-se que praticamente a totalidade das informações e documentos constantes dos presentes autos diz respeito, direta ou indiretamente, ao mencionado investigado, apontado na fase da operação denominada Máquinas de Lama como o suposto coordenador de um esquema de lavagem de capitais e de recebimento de vantagens ilícitas”, cita o despacho. Com o pedido de prisão negado, Puccinelli teve condução coercitiva e usou tornozeleira eletrônica por seis dias.
A Lama Asfáltica aponta indícios de que o ex-governador tem patrimônio em nome de “laranjas” e que um deles é o pecuarista e ex-coordenador de licitações da Semad (Secretaria Municipal de Administração), Mauro Cavalli.
O patrimônio e as movimentações bancárias feitas por Mauro, que foi conduzido coercitivamente no dia 11 de maio para prestar esclarecimentos à Polícia Federal, foi esmiuçado na investigação.
Cavalli comprou vários imóveis, inclusive fazendas, entre 2012 e 2014. Neste período, o acréscimo patrimonial “a descoberto” foi de R$ 4.336.774,39.
Promissória – Na segunda fase da Lama Asfáltica, realizada no ano passado e batizada de Fazendas de Lama, foi apreendido na residência do ex-governador uma nota promissória onde consta como emitente Ivanildo da Cunha Miranda e como credor Mauro Cavalli. O valor é de R$ 2,1 milhões.
Segundo relatório da PF, Cavalli informou que a nota promissória é sobre a venda de uma fazenda para Ivanildo e o total correspondia à primeira parcela, sendo outros R$ 2,7 milhões pagos com 3.279 bezerras que seriam entregues em 24 meses.
Ivanildo teria desistido da compra por divergência sobre a localização da área comercializada de 758 hectares. A nota foi entregue ao então governador para que ele intercedesse no caso e a venda fosse concretizada. Contudo, a questão teria se encerrado ao surgir um novo comprador.
Para a polícia, Puccinelli fez uso de Mauro Cavalli como seu “laranja”, tanto para figurar formalmente como credor na nota promissória quanto para comprar fazendas, pagas com milhões de reais em dinheiro, enquanto o usual seria transferência bancária.
Gerenciador - Ivanildo é pecuarista, empresário e, segundo delatores da JBS, o contato da maior fabricante de carnes do Brasil em Mato Grosso do Sul para o pagamento de propina a políticos e financiamento de campanhas eleitorais.
Delatores afirmam que Ivanildo trabalhou como “gerenciador” do esquema por sete anos – entre 2007 e 2014 –, período em que teria movimentado aos menos R$ 105 milhões. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Puccinelli nem com Ivanildo e Cavalli.