Na Justiça, eleição na Acrissul pode não acontecer hoje
O Tribunal da Justiça decide hoje se mantém ou não suspensa as eleições na Acrissul, marcadas para hoje. Duas decisões anteriores confirmaram a paralisação do processo por entender que a chapa encabeçada pelo atual presidente, Francisco Mais, tem vantagens, como o conhecimento da lista dos eleitores, o que não ocorre com a oposição, que reclama ter negado o acesso a essas informações.
Os representantes da chapa “A Força do Agronegócio” entraram com processo judicial solicitando a lista completa dos associados, a formação de uma comissão eleitoral isenta e pugnação do edital que reduziu o horário da votação. Após isso, a juíza Gabriela Muller Junqueira decidiu que suspender a eleição seria o melhor caminho para o processo democrático da Acrissul.
A magistrada justificou na sua decisão a necessidade da lisura no processo eleitoral, como também evitar maiores prejuízos caso a eleição ocorresse e fosse anulada posteriormente. Ela também ressaltou que “tendo em vista o princípio da legalidade, o pleito eleitoral deve obedecer rigorosamente as normas do Estatuto Social”.
A direção da Acrissul recorreu e foi mantida a decisão sob a alegação que "pela forma como os fatos devem se suceder, a constituição da referida comissão eleitoral deve ser simultâneo à convocação das eleições, o que não ocorreu no caso, visto que somente após dez dias da publicação do aviso do edital de convocação das eleições é que foi nomeada a constituição eleitoral, de sorte que, permanecem as razões que levaram à suspensão do pleito". Agora cabe aos desembargadores do TJ decidirem a questão.
A eleição é disputada pela chapas “Gestão e Produção”, que concorre a reeleição e “A Força do Agronegócio”, com José Lemos Monteiro, Zeito, para presidente. A briga envolve 800 associados e um patrimônio total de 60 milhões, sendo cerca de 5 milhões de faturamento por ano.
O candidato José Lemos afirma que a partidarização existente na atual diretoria da Acrissul “contaminou negativamente o processo eleitoral”, o que o obrigou a recorrer ao Poder Judiciário para dispor de informações simples, como acesso à lista total de associados aptos a votar.
Para Zeito, o processo de partidarização da Acrissul “divide e enfraquece uma das mais tradicionais e representativas entidades de classe de Mato Grosso do Sul”. Ele ainda acusa a atual administração de criar um “vale tudo predatório pelo poder na Acrissul, tentando fazer a pessoa do presidente maior e mais importante do que a instituição de 80 anos de história”.