Para senadores de MS, cassação unânime de Delcídio já era prevista
O senador sul-mato-grossense Delcídio do Amaral (sem partido) foi cassado nesta noite de terça-feira (10) pelo Senado com 74 votos a favor e nenhum contra. Apesar da "goleada" no placar, os outros dois senadores que representam Mato Grosso do Sul não ficaram espantados com o resultado unânime da cassação por quebra de decoro e abuso das prerrogativas parlamentares.
Na avaliação da peemedebista Simone Tebet, a cassação sem votos contra é consequência de um conjunto de fatores, entre eles ter aceito a delação premiada. "Isso causou por parte de alguns senadores uma reação. Ele talvez tenha tentado com isso salvar o mandato dele, mas o PT todo se revoltou. Esse é um problema de quem fica sem partido e esse partido advoga contra ele. Um político sem defesa, é complicado".
Além disso, Simone ainda afirma que, até por Delcídio ser adversário dela, procurou ser o mais justa possível. "Ele foi cassado por causa de um fato grave. Esse processe era irreversível e ninguém acreditava que teria voto a favor, mesmo ele alegando que fez tudo a mando do Lula e de Dilma. Aliás, isso precisa ser investigado e os dois devem responder por isso, se comprovado. Não podemos ser injustos".
O também peemedebista Waldemir Moka segue a mesma linha de pensamento da colega de partido e parlamento. "O que se viu ali é um algo anunciado, não fiquei surpreso. Essa questão da gravação [onde Delcídio foi flagrado em negociação ilegal com Cerveró], depois a delação. É uma conjuntura de fatos que redundou na cassação sem nenhum voto contra, todo mundo achando que ele tinha que ser cassado", comenta.
Imagem do MS - Delcídio foi eleito senador por Mato Grosso do Sul pela primeira vez em 2002, já sob a sigla do PT em sua primeira disputa eleitoral. Em 2010, foi reeleito, somando até hoje quase 13 anos e meio de Senado. Apesar do longo período de casa, chegando a ser líder do Governo, Moka e Simone não acreditem que a cassação arranhe a imagem de Mato Grosso do Sul.
"Isso não traz prejuízo ao Estado. Não vejo dessa forma. É uma situação neutra e que poderia acontecer em qualquer lugar. Não há problemas para o Mato Grosso do Sul, nem no aspecto político", explica a senadora. "Isso está aí há tanto tempo que a repercussão que tinha que ter já teve, não é novidade para ninguém. Nenhum sul-mato-grossense esperava algo diferente", diz Moka sobre seu ponto de vista.
Já sobre a provável chegada de Pedro Chaves (PSC) ao Senado - ele é suplente de Delcídio e, após convocado, tem 30 dias para assumir o cargo -, Moka disse que a expectativa é boa. "Conheço ele desde os tempos de Dom Bosco e Mace. Espero que ele venha somar comigo e com a Simone em defesa do país e principalmente do nosso Estado. A expectativa é positiva, que ele venha somar".
Sobre uma possível protelação da situação de Delcídio, já que o ex-petista pretende ir à Justiça contra a decisão do Senado, Simone crê que não avance. "Acho difícil uma suspensão dessa votação pelo Tribunal. Pensando como advogada, acho que essa ausência dele na votação, inclusive, foi alguma estratégia, até inteligente, que possa gerar alguma alegação pela defesa dele na Justiça", conclui a senadora.