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Política

Testemunhas confirmam envolvimento de Ruiter em empréstimos fraudados

A estimativa é de que pelo menos R$ 9 milhões tenham sido movimentados no esquema

Lucas Junot | 21/06/2017 13:58
Ruiter é acusado de obrigar servidores a contrair empréstimo e ficar com o dinheiro (Foto: Arquivo)
Ruiter é acusado de obrigar servidores a contrair empréstimo e ficar com o dinheiro (Foto: Arquivo)

Duas testemunhas e um réu no processo de improbidade administrativa contra o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha (PSDB), confirmaram, em depoimento à Justiça, o envolvimento do chefe do Executivo no esquema que fraudava empréstimos consignados de servidores para desviar dinheiro da Prefeitura, entre os anos de 2009 e 2012.

Jucely Maria Fernandes, ex-servidora do departamento de recursos humanos da prefeitura de Corumbá, contou que teve que fazer empréstimo a pedido de seu superior. “Meu próprio chefe pediu se não dava pra emprestar meu nome, que o prefeito estava precisando de uma certa quantia e que não seria só eu, outras pessoas iriam fazer [sic]”, disse a testemunha.

De acordo com ela, o dinheiro “era pra pagar uma conta que, legalmente, dentro da prefeitura não se poderia pagar”.

Em depoimento, Wilson Roberto Fernandes Pereira, que também é acusado no processo, contou à Justiça que os consignados variavam entre R$ 10 mil e R$ 60 mil. Ele era um dos homens de confiança do prefeito que recebia o dinheiro dos empréstimos.

Segundo Wilson, ex-gerente de recursos humanos da prefeitura de Corumbá, pelo menos 220 servidores foram convencidos a contrair empréstimos a mando de seus superiores. A estimativa é de que pelo menos R$ 9 milhões tenham sido movimentados, com base em uma planilha entregue que servia de controle para o esquema.

Wilson admitiu também ter ficado com cerca de R$ 40 mil durante o período de operação da fraude. Segundo ele, o prefeito controlava pessoalmente a planilha e dava as orientações sobre novos empréstimos e até a contratação de dois consignados para alguns servidores.

É o caso de Sandro da Costa, que disse ter acumulado empréstimos, mesmo não tendo mais margem salarial para contratação. “Eu perguntei, pra que é esse dinheiro? É pra ajudar na campanha, saldo de campanha”, contou a testemunha.

O promotor do Ministério Público Estadual, Luciano Conte explicou que o esquema consistia em obrigar servidores a pegar empréstimos em bancos oficiais, receber o dinheiro no caixa e levar para pessoas de confiança do prefeito.

Para lavar o dinheiro, os funcionários recebiam todos os meses o valor da prestação em gratificações extras, incorporadas ao holerite. “Enquanto perdurava o pagamento dos empréstimos, perdurava o acréscimo na folha do servidor. Ou seja, além dos valores contraídos, o erário ainda pagava juros e outras taxas”, explicou Conte.

Ao todo, o Ministério Público apresentou 11 testemunhas. O processo ainda está em andamento e, se for condenado Ruiter Cunha terá direitos políticos cassados, ficará inelegível por oito anos e ainda terá que ressarcir os cofres públicos.

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