Vice de Contar já foi preso por não pagar pensão
Nesta eleição, ele é o maior doador para a campanha do candidato a governador de MS
Vice na chapa liderada pelo Capitão Renan Contar (PRTB) na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul, o advogado Humberto Sávio Abussafi Figueiró (PRTB) já foi preso por dever pensão alimentícia. A prisão aconteceu em 31 de março de 2008, em Terenos, a 31 km de Campo Grande.
O mandado foi expedido pela Justiça de Presidente Prudente (São Paulo), onde tramitou o processo de execução de alimentos. O candidato entrou na delegacia de Polícia Civil de Terenos às 14h51 e foi solto à meia-noite do dia seguinte, primeiro de abril de 2008, após pagamento do valor.
O Campo Grande News teve acesso a quatro documentos de mandados de prisão contra Humberto Figueiró, nos quais constam débitos de R$ 45.881 de pensão alimentícia.
No ano de 2007, o juiz da 1ª Vara da Família e de Sucessões de Presidente, Fernando Florido Marcondes, expediu o mandado de prisão contra o advogado por débito de R$ 20.621,24. O magistrado informou que a ordem foi reativada porque Humberto Figueiró havia descumprido acordo.
Em 25 de março de 2011, o juiz da 2ª Vara de Família e Sucessões de Presidente Prudente, Eduardo Gesse, ordenou a prisão de Humberto Figueiró por débito de R$ 7.046,16.
No ano seguinte, mais uma ordem de prisão. Datado de 20 de março de 2012, o documento é assinado pelo magistrado Eduardo Gesse e informa dívida de R$ 4.491,96.
Novo mandado de prisão contra o advogado foi expedido em 27 de março de 2018, desta vez pelo juiz Fernando Florido Marcondes. O documento informa débito de R$ 13.723,70.
O comparativo das declarações de bens encaminhadas por Humberto Figueiró em 2018 e 2022 mostra que seu patrimônio reduziu R$ 854 mil nos últimos quatro anos. Em 2018, quando foi candidato ao Senado pelo Podemos, o advogado informou patrimônio de R$ 2.560.000,00. Neste ano, declarou bens de R$ 1.706.000,00.
O candidato a vice, contudo, é administrador de fortuna que pertencia ao tio, Assafi Dib Abussafi, e ainda não foi partilhada. O espólio inclui cerca de 40 imóveis, avaliados em mais R$ 8 milhões pela Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) em 2019 – mas que valem muito mais, segundo outros herdeiros e a PGE (Procuradoria Geral do Estado) –, acervo com 89 obras de artes e vários objetos de valor.
A herança era disputada por 44 pessoas (irmãos e sobrinhos do falecido) em 2020, sendo que 28 venderam seus direitos hereditários à H.A Empreendimentos Imobiliários, empresa que tem Beto como sócio-administrador. O advogado recolhe os aluguéis dos imóveis e ocupa casarões que pertenciam ao tio, consta em processo de inventários que se arrasta há 12 anos.
Durante a campanha, a chapa de Capitão Contar informou ter recebido R$ 1,4 milhão. O maior doador foi Figueiró, que repassou R$ 160 mil.
Outro lado - Em nota enviada à reportagem, Pedro Garcia, coordenador jurídico da campanha do candidato do PRTB, Capitão Contar, disse que não é verdade que o Figueiró foi preso. “Não é verdade que o advogado Beto Figueiró tenha sido preso entre 31 de março e 1 de abril de 2008, conforme sugere o jornal Campo Grande News”.
Ainda segundo ele, “Figueiró foi apenas chamado a prestar esclarecimentos até comprovar o pagamento integral da pensão alimentícia da filha que teve antes de se casar”.
Por fim, a defesa da campanha de Contar justifica que não houve atraso e a pensão não deixou de ser paga. “Como houve devida comprovação do pagamento da pensão, tornou sem efeito qualquer pedido de prisão feito contra Humberto Figueiró”, conclui.