ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
JANEIRO, SÁBADO  04    CAMPO GRANDE 31º

Reportagens Especiais

Do papel à fruta, depois da celulose, ano novo pode ser das laranjas em MS

MS tem legislação com 'tolerância zero' à doença greening, o que pode atrair ainda mais investidores

Por Izabela Cavalcanti | 02/01/2025 06:23
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Pulverização em plantação de laranja em Dois Irmãos do Buriti (Foto: Bruno Rezende)
Pulverização em plantação de laranja em Dois Irmãos do Buriti (Foto: Bruno Rezende)

A terra fértil e o ambiente promissor de Mato Grosso do Sul têm atraído cada vez mais a indústria internacional. Além da expansão da celulose e da produção de biocombustível que continuarão em 2025, as produtoras de laranja também podem reforçar a economia do Estado, inclusive, trazendo fábricas de suco.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Mato Grosso do Sul atraiu investimentos significativos em 2024, principalmente nos setores de celulose, citricultura e sucroenergético. Empresas como Suzano, Arauco, Bracell, Cambuhy Agropecuária e Cutrale investiram bilhões de reais em novas fábricas e plantações, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e impulsionando o desenvolvimento de cidades como Água Clara, Sidrolândia, Ribas do Rio Pardo e Inocência. A expansão da citricultura é impulsionada pela busca por alternativas à doença greening que afeta plantações paulistas, enquanto a indústria de celulose consolida Mato Grosso do Sul como um grande polo produtor. Além disso, investimentos em usinas sucroalcooleiras e biometano reforçam a diversificação econômica do estado.

Este cenário ajudou Mato Grosso do Sul a prospectar R$ 84 bilhões, desde 2015, segundo informações do secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck. Deste total, quase R$ 44 bilhões foram projetados apenas em 2024.

Em novembro do ano passado, o governador Eduardo Riedel disse durante entrevista que esse é o novo setor próspero de Mato Grosso do Sul. “Estamos com uma nova divisa de prosperidade em Mato Grosso do Sul. Ficamos felizes com a confiança dos produtores em investir aqui”, ressaltou.

O Estado já tem 30 mil hectares de laranja plantados, em Sidrolândia, Campo Grande, Três Lagoas, Brasilândia, Paranaíba e Naviraí.

Para Verruck, a citricultura já começa a se consolidar no Estado, e é uma boa alternativa de produção.

Uma grande alternativa de produção, de grandes investimentos e geração de empregos. Quando chegarmos a 50 mil hectares (plantados), será um processo natural a vinda de indústrias neste setor. Neste momento estamos conhecendo esta cultura, definindo uma capacitação técnica para que outros produtores também entrem nesta grande alternativa de produção”, disse Verruck.

A chegada dessas novas produtoras faz com que o município se desenvolva, gere emprego e prospecte novos projetos para o novo ano. Construção de casas, hospitais e aeroporto já estão entre as perspectivas.

Trabalhador plantando pé de laranja, em área rural de Sidrolândia (Foto: Álvaro Rezende)
Trabalhador plantando pé de laranja, em área rural de Sidrolândia (Foto: Álvaro Rezende)

Suco de laranja – Mato Grosso do Sul tem se consolidado como o "cinturão citrícola” do Brasil. Um dos motivos da procura de investidores de São Paulo, por exemplo, é em razão da doença greening no estado paulista.

O Estado tem uma legislação rígida, com 'tolerância zero' à doença. A Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), inclusive, emitiu um alerta aos produtores rurais e a população geral sobre o perigo da compra de mudas irregulares.

Em novembro de 2024, o Governo do Estado anunciou que Mato Grosso do Sul vai receber investimento de R$ 1,2 bilhão da empresa Cambuhy Agropecuária (Grupo Moreira Salles), em Água Clara.

As negociações tiveram início em maio, durante o MS Day Internacional, em Nova Iorque – nos Estados Unidos.

A previsão da empresa é de investir ao longo de quatro anos, e a meta é de colher 8 milhões de caixas da fruta.

O município já se prepara para a expansão, segundo a prefeita Gerolina Alves. "Estamos preparando Água Clara para esta transformação de maneira planejada e contamos com o apoio do Governo do Estado para a construção de diversas obras estruturantes como novo hospital, casas populares, aeródromo, corpo de bombeiros. Para 2025, há muito a fazer, uma nova Água Clara nascerá e será a capital do Vale da Celulose", destacou.

Naquele mesmo mês, o Grupo Cutrale, apresentou a primeira fase da sua produção em Sidrolândia, que já está em pleno vapor. O projeto prevê plantio de laranja em quase 5 mil hectares.

Na época, o governador Eduardo Riedel, e o secretário Jaime Verruck, se encontraram com o representante do grupo na Fazenda Aracoara, situada entre Sidrolândia e Campo Grande, na BR-060.

Na ocasião, foi visitada a área experimental de 120 hectares que já está em plena produção. Ao todo serão investidos R$ 500 milhões pelo grupo empresarial.

A expectativa é que em abril de 2026, a fazenda tenha 4,8 mil hectares plantados, e quando o pomar atingir 8 anos, a estimativa é de produção de 8 milhões de caixas de laranja por ano. O projeto tem investimento previsto de R$ 500 milhões, e pode chegar a R$ 1 bilhão.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Sidrolândia, Ademir Osiro, adiantou ao Campo Grande News, que empresários do Paraná já manifestaram interesse em investir em plantação de laranjas no município.

"Vários produtores do Paraná já estão comprando áreas para plantar laranjas, diversificando nosso potencial produtivo que era soja e milho. A nossa terra é muito propícia para o plantio de laranja. Hoje nós somos a capital da proteína, ou seja, temos as proteínas vegetais que são a soja e o DDG, que é um coproduto do milho produzido pela Inpasa e somos grandes produtores da proteína animal, pois temos frango, peixe, suínos e bovinos em grandes quantidades", pontuou.

Ainda de acordo com Ademir, o município vai ganhar um aeroporto “facilitando ainda mais a chegada de grandes empresas", finalizou.

Além destes, outros produtores de laranja também já anunciaram investimentos no Estado, como o Agro Terena em Bataguassu, que vai plantar em 1,2 mil hectares, e o Grupo Junqueira Rodas, que começou o projeto de citricultura em Paranaíba, com a previsão de plantar em 1.500 hectares.

Estrutura da fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (Foto: Divulgação/Suzano)
Estrutura da fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (Foto: Divulgação/Suzano)

Papel e celulose – Mato Grosso do Sul tem 4 indústrias do ramo de papel e celulose que compõem o ranking das produtoras mais bilionárias do Brasil: Suzano, Arauco, Bracell e Eldorado.

No dia 5 de dezembro de 2024, a Suzano inaugurou oficialmente a maior fábrica de celulose em linha única do mundo, localizada em Ribas do Rio Pardo, a 98 km de Campo Grande. O projeto foi intitulado como "Cerrado”.

O empreendimento é apontado como o maior investimento privado em curso no País, com valores de R$ 22,2 bilhões.

A área corresponde a 857.143 campos de futebol e parte dela - 143 mil hectares (o mesmo que 204.286 campos de futebol) são de área preservada.

No Estado, já há outras três plantas de fabricação de celulose: duas da própria Suzano e a Eldorado, ambas em Três Lagoas. Juntas, tem capacidade de produção de 5,8 milhões de tonelada por ano.

A construção da Suzano em Ribas do Rio Pardo foi anunciada em maio de 2021 e, no pico da obra, mais de 10 mil empregos diretos foram criados. Com o início das operações, há cerca de 3 mil trabalhadores entre colaboradores próprios e terceirizados, sendo mil no setor industrial e dois mil no florestal e logístico.

Já em Inocência, a 331 km de Campo Grande, outro grande empreendimento está sendo instalado, o Projeto Sucuriú. Esse é o maior investimento da história da Arauco, na ordem de US$ 4,6 bilhões.

A operação terá capacidade anual de produção de 3,5 milhões de toneladas de celulose branqueada.

Terraplanagem para a instalação de fábrica de celulose da Arauco, em Inocência (Foto: Divulgação/Arauco)
Terraplanagem para a instalação de fábrica de celulose da Arauco, em Inocência (Foto: Divulgação/Arauco)

A obra está na fase de terraplanagem e deve chegar a atrair 14 mil pessoas no pico da construção. Atualmente, há 1.800 pessoas trabalhando na preparação da área.

Com pouco mais de oito mil habitantes, a projeção é quem após ativada a fábrica, a população fique entre 12 mil e 14 mil pessoas.

A Arauco já mantém florestas de eucalipto sendo cultivadas na região para ter matéria-prima para quando a fábrica for colocada em operação.

Além disso, em Água Clara, a 193 km de Campo Grande, a Bracell anunciou investimentos de US$ 4 bilhões na planta de celulose. A previsão é de gerar 10 mil empregos nas obras e 3 mil quando entrar em operação.

A unidade terá capacidade produtiva de 2,8 milhões de toneladas de celulose, em uma área localizada a 15 quilômetros do perímetro urbano da cidade.

O processo de licenciamento ambiental para a implementação da sexta fábrica de celulose do Estado já foi iniciado, com estudo previsto para ficar pronto até fevereiro de 2025.

Segundo Verruck, a empresa já tem investimentos importantes em Mato Grosso do Sul, com base de plantio em Água Clara, mas já expandindo para Santa Rita do Pardo e Bataguassu.

Se considerar somente o setor de papel e celulose, de três empreendimentos, 49 mil empregos diretos e indiretos serão gerados, incluindo a fase de obras e depois de entrar em operação.

Usinas – Em setembro de 2024, Mato Grosso do Sul avançou na construção do segundo projeto de implantação de biometano do setor sucroenergético, a partir de biomassa de cana e vinhaça, com investimento previsto de R$ 350 milhões. A capacidade instalada de produção é de 28 milhões de metros cúbicos de biometano.

A usina sucroalcooleira Atvos, com três unidades em Mato Grosso do Sul, entrou com pedido de licença de ampliação e instalação do projeto de biometano da Usina Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul.

A empresa possui três empreendimentos no Estado: a usina Eldorado, localizada em Rio Brilhante; a usina Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul; e a Unidade Agroindustrial de Costa Rica. Juntas, as usinas são responsáveis por esmagar aproximadamente 11 milhões de toneladas de cana-de-açucar por safra.

A fábrica da Inpasa, em Sidrolândia, a 71 quilômetros de Campo Grande, entrou em operação em agosto deste ano.

Na usina serão produzidos etanol anidro e hidratado, farelo, óleo bruto de milho e energia, com investimento de R$ 2,3 bilhões. Na construção foram empregados 2.300 trabalhadores, além de 350 novos postos de trabalho efetivos, a partir do funcionamento da planta.

A previsão é de ter uma capacidade produtiva de 800 milhões de litros de etanol, 450 mil toneladas de DDGS, 44 mil toneladas de óleo e 400 GWH de energia elétrica (anual). O anúncio do investimento foi feito durante a 1ª edição do MS Day, realizada em agosto do ano passado, em São Paulo.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias