Em plena proclamação, Campo Grande já se mostrava polo de desenvolvimento
Em 1889, a Capital não passava de um arraial e apenas dez anos após é elevada à vila
Em 1889, Campo Grande ainda era apenas um distrito do Estado de Mato Grosso e outras cidades como Nioaque e Corumbá eram importantes. Naquele ano, quando a República foi proclamada no dia 15 de novembro, Mato Grosso do Sul não existia, mas a atual capital sul-mato-grossense mostrava que apesar de ter começado a ser povoada apenas 14 anos antes, podia se tornar polo de desenvolvimento.
Pouco depois do fim da Guerra do Paraguai, em 1870, o sul de Mato Grosso passou a ser povoado com mais intensidade e o fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira, em 1872, chega às terras onde se edificaria a atual capital e volta para se estabelecer na região em 1875, com a família.
No ano da Proclamação da República, Campo Grande é elevada à categoria de distrito e apenas dez anos após, em 1899, resolução eleva o local à categoria de vila e determina a criação do município.
“Com a proclamação, demorou ainda um pouco a questão da implantação da estrada de ferro, mas é um projeto que nasce na República e juntos, dão força ao desenvolvimento da região”, diz a professora doutora em História, Alisolete Antônia dos Santos Weingarpner, de 85 anos.
O sociólogo e historiador Paulo Cabral reforça que a atual capital de MS não passava de um arraial em 1889. “Ele se formou a partir da segunda viagem de José Antônio Pereira, que em retornando a Campo Grande, encontrou os Vieiras de Souza, com quem fizeram três casamentos. Portanto, em 1889, havia transcorrido apenas 14 anos da criação do arraial, que se forma com cerca de 90 a 100 pessoas, o que, para a época, era bastante”.
Segundo o historiador, o então arraial se beneficiou com a Proclamação da República. “Tanto que, em 1921, o comando do Exército é transferido para Campo Grande e, em 1922, passa a ocupar o prédio do Quartel General, que está completando um século de existência”, cita, lembrando que “a República surge de um golpe dado pelo Exército. E o Exército tinha consciência da fragilidade do Sul de Mato Grosso”.
Cabral lembra também que a estrada de ferro, assim como disse Weingarpner, impulsionou a região. “Em 1910, o Ministério da Guerra define o traçado da ferrovia, a NOB, o que trouxe enorme impulso para as regiões por onde o trem passava. Aí, depois o Comando do Exército vem de Corumbá para cá”.
Outras cidades - “Não havia propriamente nada. Dez anos depois o município é criado, desmembrando-se de Nioaque”, conta o historiador, enfatizando que Campo Grande foi criada com uma área de 100.000 quilômetros quadrados e que ia de Camapuã até Bataguassu e de Água Clara até Aquidauana.
“Então, quando muito, tinham corrutelas que deram origem a distritos e, muito depois, cidades. Rio Brilhante é desmembrado de Campo Grande em 1928 ou 29, quarenta anos depois da República”. Apenas Corumbá já existia, porque foi criado em 1778. “Aliás, MS, fora a faixa ao sul, incorporada depois da Guerra da Tríplice Aliança, correspondia a Corumbá”.
Além de Corumbá, poucas cidades já existiam, entre elas Miranda e Paranaíba, criadas em 1856 e em 1870 é criada Nioaque. “Três Lagoas não existia, surge com a construção da NOB. Coxim também se torna município com Campo Grande”, reforça.
Lembranças – A Rua 15 de Novembro, em Campo Grande, recebeu esse nome por causa da proclamação e um dos primeiros estabelecimentos do local foi o Hotel Democrata, construído em 1890 e que ficava na esquina da então denominada Rua do Padre.
Na época, pouco mais de 500 pessoas moravam na vila. Era um edifício de dois andares, o primeiro desse porte, com 12 quartos e um amplo espaço frontal. Também ali, foi construída a primeira igreja da cidade, hoje Paróquia Santo Antônio.
