Na estrada: MS será porta de entrada de turistas sul-americanos
Proposta de estímulo ao turismo rodoviário na América do Sul põe Campo Grande como ponto de partida dos viajantes
De Campo Grande para os resto da América do Sul. Vem aí uma nova maneira de explorar as belezas naturais e a história dos países sul-americanos. É o turismo rodoviário pela Rota Bioceânica, um sonho antigo que está próximo de se tornar realidade com Mato Grosso do Sul como centro do continente e ponto de partida dos viajantes.
A rota rodoviária ligando o Brasil aos portos marítimos do norte do Chile, ao longo de décadas teve apenas a exportação e importação de produtos agropecuários como foco das negociações governamentais e empresariais. Esta semana, os ministérios do Turismo e das Relações Exteriores anunciaram um plano de estímulo ao turismo rodoviário na América do Sul pelo Corredor Bioceânico, a partir de Campo Grande.
As medidas vão incluir estímulos ao transporte e à circulação de passageiros, além do mapeamento do potencial turístico e de investimentos na rota entre Campo Grande e Antofagasta, no Chile, e a agilização de processos aduaneiros para o ingresso de turistas.
Pela posição geográfica, bem no coração da América do Sul, Mato Grosso do Sul será fundamental tanto no fluxo quanto no contra-fluxo de turistas, ou seja, para quem vem dos outros países sul-americanos e até da Ásia, e também para os brasileiros que poderão realizar suas aventuras andinas por estradas.
“Vai ser possível criar um produto ligando a área mais alagada do planeta, o Pantanal, à área mais árida do planeta, o Deserto de Atacama”, disse o secretário nacional de Integração Interinstitucional do MTur, Bob Santos, ao prever grandes avanços na oferta turístico do roteiro.
Além de Campo Grande como ponto de partida, Porto Murtinho é outra cidade de Mato Grosso do Sul em posição destacada no projeto do governo federal para estimular o turismo rodoviário. Na fronteira com o Paraguai, Murtinho será a última escala de viajantes brasileiros antes da entrada em território paraguaio para cruzar a Argentina rumo ao Chile. Já no sentido contrário, a cidade sul-mato-grossense será a primeira parada dos estrangeiros em território brasileiro.
O ministro da Secretaria de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson, prevê o aumento na procura de destinos nacionais por sul-americanos. “O turista vai entrar no Brasil por Mato Grosso do Sul, podendo chegar ao Pantanal e às praias do Nordeste muito mais rápido”, frisou ele.
“Apostamos no crescimento do turismo nacional com a chegada de mais turistas de países vizinhos”, avalia o secretário executivo do Ministério do Turismo, Daniel Nepomuceno.
Duas obras são essenciais para o funcionamento do corredor rodoviário ligando os oceanos Atlântico e Pacífico: a construção de uma ponte de concreto sobre o Rio Paraguai entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, do lado paraguaio, e a pavimentação do trecho de 227 km da rodovia que liga Carmelo Peralta a Loma Plata, na fronteira paraguaia com a Argentina.
As obras de pavimentação da rodovia começaram em junho de 2019 e deverão ser concluídas em junho de 2022. Já a obra da ponte nem começou a sair do papel, mas tem previsão de conclusão para 2023.