Após reinar sozinha, Ford baixa preço do novo EcoSport para enfrentar rivais
Responsável pela introdução do segmento que mais cresce em vendas no Brasil e globalmente, o utilitário esportivo (SUV) EcoSport, da Ford, chega ao mercado em agosto com design renovado, mais seguro e conectado. A versão "top de linha" também ficou um pouco mais em conta do que a anterior - estratégia da fabricante para enfrentar a acirrada concorrência
O novo EcoSport teve o desenvolvimento bancado pelas unidades da Ford dos Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina, sob liderança da engenharia brasileira, que criou o modelo em 2003. A versão renovada será vendida em 144 países, começando pelo Brasil. As duas gerações anteriores venderam 600 mil unidades no País.
Sua chegada acirra uma disputa que já é grande. Nos últimos dois anos, sete novos SUVs, quase todos compactos, começaram a ser fabricados no País. E haverá mais novidades. Volkswagen e General Motors também vão entrar no segmento.
Os SUVs compactos são os preferidos dos consumidores brasileiros e também têm atraído clientes em outros mercados, como os EUA, onde o EcoSport será vendido em 2018, importado da Índia. Além do Brasil, ele é fabricado na Romênia, Rússia e Venezuela.
"As vendas de SUVs mais do que dobraram no mundo todo nos últimos seis anos", afirma Rodrigo Custódio, diretor da consultoria Roland Berger. Segundo ele, em 2010 o segmento vendeu 10 milhões de unidades, volume que, no ano passado, ficou na casa de 26 milhões de unidades. No Brasil, em igual intervalo, as vendas saltaram de 215 mil para 302 mil unidades, em meio à crise econômica.
No primeiro semestre deste ano, as vendas locais de SUVs aumentaram 26,5% em relação ao mesmo período de 2016, somando 182,3 mil unidades. Já o mercado total de automóveis e comerciais leves cresceu 4,3%, para 951,2 mil unidades.
Na opinião de Custódio, este "é o melhor segmento para se lançar um produto no momento". Seguindo a lógica, foram lançados de 2015 para cá os modelos Honda HR-V e WR-V, os Jeep Renegade e Compass, o Nissan Kicks, o Renault Captur e o Hyundai Creta.
Preço caiu
É com esses modelos, além de Renault Duster, Peugeot 2008 e Chevrolet Tracker, que o novo EcoSport, apresentado oficialmente ontem em evento no Recife (PE), disputará a preferência dos consumidores para recuperar presença no mercado. De 2003 a 2011, o carro da Ford, o primeiro da marca 100% desenvolvido no Brasil, reinou sozinho no segmento. Com a chegada de concorrentes, perdeu espaço e hoje está em quinto lugar na lista dos mais vendidos, atrás de HR-V, Compass, Renegade e Creta.
"Não sei se o EcoSport vai voltar à liderança, mas será um player (jogador) importante", diz Rogelio Golfarb, vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul.
Uma das estratégias da empresa é o preço. O modelo mais caro da linha, o Titanium, com motor 2.0 e transmissão automática, custa R$ 94 mil - R$ 700 a menos comparado à versão que sai de linha.
O gerente-geral de vendas da Ford, Maurício Greco, afirma que o carro recebeu novos equipamentos que equivalem a R$ 10 mil, entre os quais airbag de joelho, sistema de monitoramento de ponto cego, alerta de tráfego cruzado e mais conectividade, com tela de 8 polegadas.
Nas outras versões houve aumento. A intermediária passa de R$ 80,3 mil para R$ 81,5 mil e a de entrada, de R$ 72,8 mil para R$ 74 mil. Os dois carregam, respectivamente, R$ 7 mil e R$ 5 mil em novos equipamentos, diz Greco. Todas as versões têm sete airbags, novo motor e vários itens antes não disponíveis.
Segundo Golfarb, reduzir o preço ou aplicar reajustes menores no novo EcoSport foi possível porque o investimento no produto foi compartilhado e focado nas mudanças. A base é a mesma do anterior.
Outro desafio para o EcoSport é ajudar a Ford a se estabelecer como quarta maior montadora em vendas no País, posto ocupado por muitos anos, mas perdido em 2016 para Hyundai e Toyota, quando caiu para a sexta posição. Nesse primeiro semestre, a marca recuperou o quarto lugar, com 93.486 carros vendidos, mas segue pressionada pela Hyundai, com 93.282. "Claro que queremos segurar essa posição, mas só faz sentido se for com saúde operacional", pondera Greco.