Produção de 300 mil veículos pela 1ª vez no ano
Lançamentos de novos carros deram impulso às fábricas em setembro
Pela primeira vez em um ano a produção de veículos no País superou levemente a marca de 300 mil unidades. As três centenas de milhar não eram alcançadas desde setembro de 2013, quando as fábricas produziram 322,4 mil. Para Luiz Moan, presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, o desempenho foi possível graças ao número elevado de lançamentos, que fez algumas montadoras acelerar suas linhas para abastecer concessionárias com os novos carros. Mas também houve erro de projeção: “Esperávamos que as vendas fossem um pouco melhores do que foram, por isso produzimos um pouco mais”, revela o dirigente.
Em setembro, os 300,8 mil veículos produzidos no Brasil significaram incremento de 13,7% sobre agosto e queda de 6,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado de 2014, no entanto, as 2,4 milhões de unidades montadas no País em nove meses representam tombo de 16,8% na comparação com idêntico intervalo de 2013, porcentual negativo mais elevado do que o recuo de 9% do mercado interno, o maior consumidor da indústria. O resultado, portanto, continua a refletir as quedas expressivas de vendas domésticas e externas.
A produção maior sem resposta à altura do mercado manteve os estoques nas alturas. O número de veículos produzidos à espera de compradores cresceu quase 5% de agosto para setembro, passando de 385,7 mil para 404,5 mil, o equivalente a 41 dias de vendas. A situação é pior nas concessionárias, que têm 282,9 mil unidades estacionadas para vender, suficientes para 29 dias (eram 264,3 mil no mês anterior). Nos pátios das fábricas estavam parados 121,6 mil veículos em setembro, quase o mesmo de agosto (121,4 mil), ou 12 dias de vendas. A situação é considerada “desconfortável e preocupante” pela Anfavea, que considera normal até 30 dias de estoques.
“Só dá para reduzir estoques com aumento de vendas ou redução da produção. Como o mercado interno não reagiu, neste momento o ajuste é nas fábricas”, disse Moan. O resultado dessa situação se reflete diretamente no nível de emprego, com o fechamento de pouco mais de 10 mil vagas nas montadoras associadas à Anfavea no último ano. Em setembro a indústria empregava 147,7 mil pessoas, contra 158 mil no mesmo mês de 2013. A maioria das fábricas no Brasil adota programas de PDV, suspensão temporária de contratos de trabalho (layoffs), férias coletivas e paradas.
“Consideramos o nível de emprego na indústria estável, pois só houve crescimento nas contratações quando o governo concedeu incentivos para a compra de veículos (redução de IPI) a partir de maio de 2012. Com a redução dos estímulos tivemos uma queda natural, sabíamos que isso aconteceria e sempre tratamos o número de vagas como estável”, avalia Moan. “Isso só demonstra que os estímulos funcionaram e que precisamos deles porque isso faz a roda da economia girar, pois nosso mercado é baseado no consumo interno”, defende.
Apesar da queda acentuada da produção este ano, a Anfavea com sua projeção para 2014 inalterada: a perspectiva é de retração de 10%, com base em recuo das vendas domésticas de 5,4% e tombo de 29,1% nas exportações. A esperança é de aceleração de 13,2% nas fábricas neste segundo semestre em relação ao primeiro. (Fonte: Automotive Business)