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Veículos

Volvo ganha mais mercado no Brasil

Apesar da retração, fabricante tem segundo melhor ano no País

Márcio Martins. Fonte: Automotive Business | 26/02/2015 12:51
Volvo ganha mais mercado no Brasil

Baixo crescimento econômico, embates políticos, escândalos de corrupção e vendas de caminhões paradas. Este foi o cenário encontrado pelo sueco Claes Nilsson ao chegar ao Brasil em janeiro passado, quando assumiu a presidência do Grupo Volvo na América Latina. “O meu pacote de boas-vindas não era exatamente o que eu imaginava, mas o fato é que estamos acostumados com altos e baixos em todos os lugares”, ponderou o executivo. “O importante é que o potencial de crescimento do mercado brasileiro continua sendo muito grande. No curto prazo temos desafios e necessidade de ajustes para adequação a um ambiente econômico retraído, mas mantemos nossos planos de expansão na região, com oferta de novos produtos e foco na sustentabilidade do market share que conquistamos nos últimos anos”, acrescentou ele em seu primeiro encontro com a imprensa brasileira, na quarta-feira, 25.

Para 2015, a expectativa da Volvo é de um novo ano de retração. A expectativa é que o mercado de caminhões pesados e semipesados caia 21%, para 75 mil unidades, contra 95 mil em 2014. “Mesmo assim é um mercado importante”, avalia Nilsson. Após a quase paralisação das vendas em janeiro e fevereiro, o executivo afirma que as consultas de compra começam a aparecer, antevendo alguma recuperação em março. “Mas é difícil dizer ainda como será, pois existem muitas incertezas à frente”, pondera. Segundo ele, não há no momento de novas demissões na fábrica de Curitiba (PR) após o corte de 200 empregados no fim do ano passado. “Não temos planos de fazer qualquer mudança na nossa força de trabalho, mas estamos avaliando asa condições mês a mês”, diz.

Para Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo no Brasil, o ano para o mercado de caminhões no País só começou de fato na segunda-feira passada. “Em janeiro o que se viu foram alguns emplacamentos dos poucos veículos vendidos ainda em dezembro com o que restava de recursos do BNDES/PSI. Em fevereiro tudo ficou parado à espera dos ajustes necessários para as linhas de financiamento, o que só foi definido há duas semanas. Só agora, portanto, o interesse de compra está voltando”, conta.

Segundo o executivo, as perspectivas para o resto do ano não são tão ruins. “Deveremos ter uma colheita de safra recorde e as obras de infraestrutura até podem demorar um pouco mais, mas terão de ser feitas”, avalia. Sobre as novas condições da linha de financiamento do BNDES para o setor, com taxas mais caras e menor parcela financiável, Fedalto diz que os juros ainda são competitivos e é possível viver com essa nova realidade. “As taxas praticadas agora são praticamente as mesmas de 2008/2009. Portanto dá sim para vender caminhão dessa forma”, diz.

DEFESA DE MERCADO

Apesar da forte retração do mercado de caminhões em 2014, de 12,6%, a Volvo anotou o seu segundo melhor ano de vendas no País, com 19,7 mil veículos emplacados, inferior em 4,8% ao recorde de 20,7 mil em 2013. “Estamos muito satisfeitos com o desempenho no Brasil e na América Latina, onde praticamente dobramos nossa participação nos últimos seis anos”, destacou Claes Nilsson. “Há bem pouco tempo seria difícil imaginar no grupo que as vendas na região iriam superar as 20 mil unidades”, diz, ao mencionar os 24,3 mil caminhões de todas as marcas do grupo (Volvo, UD, Renault e Mack) vendidos nos países latino-americanos. Com isso, a relevância da região aumentou, passando a representar quase 12% dos volumes e 10% do faturamento global do Grupo Volvo.

Nilsson assume a posição com bons resultados a defender, especialmente no Brasil, onde a marca Volvo retomou a liderança nas vendas de caminhões pesados, com participação de 29,6%, quase três pontos porcentuais acima de 2013, em segmento que representa cerca de um quarto do mercado nacional. O desempenho também foi bom com o semipesado VM, garantindo novo recorde de market share para o modelo, de 12,6%. Juntando os dois segmentos, a Volvo somou participação de 21,3%, ou 1,3 ponto além dos 20% registrados no ano anterior.

“A Volvo é a única fabricante que apresenta trajetória de crescimento sustentado no mercado brasileiro desde 2008, com participação que saltou de 12,8% para 21,3% no período”, comemora Bernardo Fedalto. O problema será agora defender essa posição após o lançamento da nova geração do extrapesado FH no País, o produto mais vendido da marca, que teve o preço sugerido reajustado em 20% em relação à versão anterior. Segundo Fedalto, o novo FH começou a ser produzido há apenas 20 dias, ainda existe estoque do antigo e ainda não seria possível avaliar o desempenho de mercado. Mas ele avalia ser possível sustentar o market share e a liderança do segmento. “Estamos oferecendo um produto melhor e somos a marca mais desejada. Isso faz a diferença”, aposta.

“Tivemos esse mesmo desafio na Europa quando lançamos há dois anos o novo FH, que também chegou custando mais caro. Mas conseguimos superar isso com qualidade e ganhamos de dois a três pontos de participação de mercado”, conta Claes Nilsson.

Outro ponto-chave para garantir terreno em 2015 é a expansão da rede e boa oferta de serviços e financiamentos. O número de concessionárias no Brasil já cresceu de 90 lojas em 2013 para 92 em 2014 (12 pertencem à própria Volvo) e chegará a 101 este ano, com aumento de boxes de manutenção dos atuais 1.988 para 2.266. “Investimos não só no crescimento da rede, mas também na modernização de todas as casas já existentes. Hoje todas as concessionárias Volvo são novas ou modernizadas”, afirma Fedalto.

Na oferta de serviços, Fedalto aposta no aumento ainda maior da adesão aos contratos de manutenção. Hoje 24% dos caminhões vendidos já saem da concessionária com essa cobertura, contra apenas 7% há alguns anos. “Precisamos vender o produto de transporte de forma integrada, esse é o segredo para aumentar a satisfação dos nossos clientes”, diz o diretor.

Não por acaso, a Volvo Financial Services teve em 2014 o melhor ano de sua história no Brasil, com crescimento de 34% nas operações e R$ 2,88 bilhões em novos financiamentos concedidos no período. Atualmente 40% das vendas do Grupo Volvo são financiadas pela instituição, que no ano passado ganhou reforço de caixa com aporte de capital de R$ 132 milhões da matriz sueca, a AB Volvo. As vendas de consórcios também avançaram, foram 14% maiores com 2,4 mil cotas e somaram R$ 800 milhões em crédito. O banco negociou ainda R$ 107 milhões em prêmios de seguro, valor estável em relação aos R$ 109 milhões de 2013.

“Com a redução da parcela financiável pelo PSI/Finame do BNDES temos de criar instrumentos para apoiar mais os clientes”, diz Márcio Pedroso, presidente da Volvo Financial Services Brasil. Segundo ele, no ano passado 88% dos financiamentos realizados foram pelo Finame. Além de criar ferramentas para complementar as operações de crédito este ano, Pedroso afirma que está em estudo a oferta de consórcio com prazo maior e mensalidades menores. Na área de seguros, a instituição também passará a oferecer o seguro-carga.

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