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A educação como agente de mudança

Por Artur Salles Lisboa de Oliveira (*) | 05/01/2020 10:11

É um consenso que a Educação é um forte agente de mudanças, já que com um amplo acesso a livros e, por conseguinte, ao conhecimento, argumentam os defensores da ansiada revolução educacional, a população teria mais elementos para tomar decisões melhores. A leitura, sem sombra de dúvida, permite que tenhamos um entendimento maior da realidade que nos cerca, mas será que no que diz respeito à escolha de representantes, um nível maior de desenvolvimento intelectual desempenha realmente um papel tão significativo?

Alguns autores como Kernell e Smith possuem uma compreensão bastante diferente. Segundo os mencionados autores, altos níveis de educação não são determinantes para que os individuos votem de forma “inteligente,” já que as pessoas se utilizam de “dicas” ou “sinais” no momento de escolher seus representantes. Em outras palavras, nós não nos debruçamos sobre todas as posições dos candidatos antes de colocarmos nossos votos nas urnas, mas simplesmente nos valemos de alguns aspectos principais e mais abrangentes como a filiação partidária para decidir quem nos representará.

Eu concordo, mas há um outro aspecto a ser considerado em relação aos benefícios da educação no processo de escolha de nossos representantes e, por conseguinte, na sociedade como um todo. Ao oferecer a todos os segmentos da sociedade acesso irrestrito a uma educação de qualidade, os governantes estarão plantando uma semente de grandíssima importância: a possibilidade que os mais diversos setores sociais possam no futuro ocupar os mais diversos postos tanto na administração pública como no setor privado. E qual é a contribuição que isso pode trazer?

Criando as condições para que indivíduos de diferentes raças, etnias e crenças religiosas possam competir em pé de igualdade pelos melhores salários da administração pública e do setor privado fará com que as idéias sejam “arejadas,” especialmente no segmento público no qual as vagas destinadas à repreensão de crimes, à formulação de políticas públicas e à aplicação das leis são ocupadas majoritariamente pelos setores privilegiados da sociedade em decorrência da capacidade financeira daqueles de financiar seus estudos. Em vinte anos, se alcançarmos a meta de fazer com que o setor público seja um recorte da sociedade brasileira, certamente o tratamento para com as minorias será modificado substancialmente.

Além do exposto, a meta acima mencionada poderá libertar as minorias do voto “subjugado,” ou seja, daquele voto direcionado a um determinado político que tem como bandeira a defesa de uma causa que é a sua causa. O voto vai para um determinado candidato que defende os animais, os pescadores de determinada região do País, dentre outros segmentos. Esse voto “egoísta” no sentido que este visa apenas o favorecimento de um determinado setor cega os cidadãos para outras questões de interesse nacional, fazendo com que eles votem em representantes fracos politicamente, que se mantêm alienados em relação a outros assuntos de relevância para o País.

(*) Artur Salles Lisboa de Oliveira é Especialista em Escrita Criativa pela Universidade da California Berkeley.

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