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A natureza e o trabalho

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 27/10/2020 08:25

A natureza oferece tudo que o ser humano necessita para a sua sobrevivência, mas exige esforço. O trabalho equilibrado faz parte da vida. Na natureza, tudo é movimento. Mas o homem inventou o dinheiro e o viver se tonou a coisificação do comprar e vender sem que haja alvos elevados e enobrecedores da vida e do trabalho. Com certeza isso decorre do enrijecimento espiritual e da perda da compreensão do significado da vida que vai transformando o ser humano em máquina sem alma.

O colapso do mercado de trabalho acabou se concretizando com a globalização e a concentração da produção industrial alcançada pela China, aliando o enorme contingente de mão de obra de baixo custo à automação da produção, visando o acúmulo de dólares, acarretando precarização geral.

Os recursos da natureza são limitados. Mercado e consumidores terão de se adequar, mas para isso se faz necessária a evolução dos indivíduos para encarar a vida com seriedade e solidariedade, estabelecendo metas de continuada melhora das condições gerais e da qualidade, visando o progresso e a paz.

A economia saiu da naturalidade. A monetização avançou sobre todas as atividades. A economia de subsistência, existente em regiões afastadas, foi sendo eliminada. Tudo depende de dinheiro que se tornou escasso, e falta trabalho remunerado pelo mundo. A população está desorientada pela enxurrada de comunicações, tanto da imprensa tradicional como das mídias digitais. Vivemos sob o domínio das mentiras e da corrosão dos valores que lança as pessoas na guerra de todos contra todos.

Produzir e empregar mais, distribuir renda, manter o consumo e a arrecadação, requer um grande rearranjo global, pois o Brasil vem sendo convertido em abastecedor de comida e matérias-primas, ampliando o atraso. A situação se complica porque, assim como no futebol, os políticos fazem cera, isto é, deixam o tempo passar sem fazer nada para ver como vai ficar, o que é muito perigoso porque eventos imprevistos estão acontecendo de forma acelerada pelo mundo.

Como um circo, o período eleitoral apresenta muitas promessas falsas e barbaridades de marqueteiros bem pagos. Mas quem respeita o Brasil e sua população? Desde o Marechal Deodoro, poucos cuidados têm sido dados ao país pelos presidentes e governadores, sempre no cabresto do poder mundial sem autonomia nem personalidade. Uns incompetentes astuciosos que emperraram tudo e fizeram do grande e promissor Brasil uma nação endividada e despreparada para o real progresso espiritual e material.

Desde a época em que o grupo liderado por José Bonifácio e a Imperatriz Leopoldina lutaram pela independência do Brasil, um grupo hostil procura impedir que o país se torne pátria de Luz. É triste e lamentável observar quantos se deixam envolver pelos inimigos que querem a derrocada e usam como arma a mentira e a falsidade.

Descrentes de tudo, muitos cidadãos deixam de votar, embora se trate de direito e dever que não podem ser abandonados; é preciso votar com seriedade sem se deixar influenciar pela propaganda que vende o candidato como se fosse um bem de consumo. É preciso usar a intuição e avaliar quais são as intenções e a experiência dos candidatos nesta era em que os homens materialistas, dominados pelo intelecto, decepcionados com as religiões, não creem mais em Deus. É preciso identificar os candidatos comprometidos com a melhora geral das condições de vida e com o aprimoramento da espécie humana. O Brasil quer renovação e racionalização, quer tirar os inservíveis e os corruptos da gestão pública. Para isso, é necessário votar bem.

Após o término da Segunda Guerra Mundial os seres humanos tinham no íntimo o sentimento de solidariedade na vida em geral e no trabalho. Com o agravamento da luta pela sobrevivência e aspereza, aumentou a ignorância geral e o egoísmo. O século 21 apresenta uma forte regressão ética, moral e ambiental que requer reação saneadora. Depressão e desequilíbrios emocionais são males atuais. No passado, eles ocorriam com menor frequência porque eram tempos menos acelerados, quando as pessoas conversavam amistosamente de forma serena, pois tinham alguma afinidade com o ciclo natural da vida que acabou sendo perdido.



(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP

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