Conectar experiências a negócios: marketing virou peça-chave na transformação
A pandemia foi um divisor de água no mundo dos negócios. Se antes dela a transformação digital ainda gerava questionamentos sobre o seu real potencial de impulsionar marcas, o after demonstra que conectar produtos e soluções a clientes cada vez mais engajados, informados e exigentes é mais do que fundamental. É aí que o marketing aparece como ferramenta essencial, seja por canais já conhecidos ou por mares antes nunca navegados.
O uso do marketing "turbinado" pelos mais recentes avanços tecnológicos era algo previsto já no início deste século, quando especialistas definiram o complexo sistema de tecnologias avançadas – inteligência artificial (IA), robótica, Internet das Coisas (IoT), computação em Nuvem, entre outras – em favor de novas formas de produção e modelos de negócios como a Quarta Revolução Industrial.
A mudança de mentalidade que se impôs para companhias dos mais variados segmentos, em busca de modernização diante de uma nova realidade tecnológica, tratou-se de chamar de transformação digital. E isto impacta todos os setores da cadeia produtiva, tanto interna quanto externa, das empresas. Em comum, a lógica do mundo digital: alterações rápidas, respostas instantâneas, com flexibilidade e agilidade.
Não por acaso, muitas organizações têm os seus maiores investimentos justamente em marketing. Segunda maior empresa do mundo, de acordo com a lista Fortune Global 500, a Amazon foi a que mais investiu nisso no ano passado, com gastos globais de globalmente US$ 16,9 bilhões em publicidade e ações promocionais. O dado é da Ad Age. A lógica aqui é uma só: usar plataformas que permitam alcançar o maior número de pessoas com o menor orçamento possível.
Entretanto, o protagonismo do marketing para impulsionar os negócios vai muito além dos investimentos em publicidade. Sejam pessoas físicas ou jurídicas, os clientes mudaram a maneira com que se relacionam com marca e produtos. Com a amplitude de informações e dados disponíveis no mundo digital, elas estão cada vez mais a par do que existe no mercado para solucionar os seus problemas. E, ao saber o que querem, estão mais exigentes.
Desta forma, não basta oferecer produtos e soluções em massa. O toque humano e a personalização do atendimento das necessidades de cada cliente, individualmente, é a grande sacada que pode ser alcançada com o bom uso da IA e demais tecnologias no ambiente de negócios. Tais ferramentas, quando usadas pela perspectiva do marketing, permitem entender comportamentos e tendências de cada consumidor quase que diariamente, buscando otimizar por fim os resultados organizacionais.
Como toda quebra de um status quo, a transformação digital enfrenta dificuldades de avançar em determinados segmentos, sobretudo quando cada vez mais a questão ambiental aparece como elemento que muda hábitos – e fornecedores –, caso não se dê a devida atenção ao tema.
Essa remodelação dos negócios e das corporações já se provou vitoriosa. Lembra-se da Amazon, a qual comentei acima? No Brasil, ela domina a venda de livros e eletrônicos pela Internet. Vários concorrentes físicos que não conseguiram acompanhar a transformação no comportamento dos consumidores sucumbiram rapidamente.
Citaria quatro pontos que nos ajudam a entender o que aconteceu:
1. Sucesso do cliente – A possibilidade de entender, testar e se sentir satisfeito com o produto e/ou solução ofertada;
2. Poder de escolha – O nível de personalização dos produtos só aumenta e se colocou a necessidade de ser útil, prático, com bom preço e, de quebra, capaz de empoderar o cliente;
3. Mudança cultural – Formato de venda e marketing para solucionar demandas do cliente tornou-se fundamental, dando um valor agregado real para quem compra, o que traz satisfação;
4. Agilidade – No mundo digital, velocidade e agilidade são questões essenciais, o que demanda monitoramento constante dos avanços tecnológicos e da própria concorrência.
Os líderes na transformação digital são aqueles que têm todas essas características presentes diariamente, do topo da cadeia administrativa até os seus colaboradores iniciais. Com uma conexão forte com a sua clientela, a companhia sabe que orientar os seus projetos digitais por meio do marketing é estratégico. Antigamente tudo girava em torno do ROI. Com Big Data e o universo Open, os negócios usam as ferramentas da transformação digital centradas no usuário e na sua satisfação pessoal.
Embora não adivinhe o futuro, o marketing se mostra cada vez mais imprescindível para as empresas, quer seja pela sua conexão constante ao mercado, ou pela sua capacidade de antecipar movimentos. E não nos esqueçamos da propriedade de medir o retorno de investimentos, ainda mais na era de contenção de custos e aumento da eficiência que é mantra no mundo corporativo.
Saber usar os seus recursos em marketing para se comunicar já significa revolucionar a experiência do cliente, o que gera resultados expressivos. A consequência para o seu público-alvo é uma só: liderança naquela que podemos chamar de "mutante" transformação digital, que não se cansa em evoluir.
(*) Danielle Oliveira Lopes é diretora de marketing.