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Envelhecer é caro: um olhar sobre os custos do tempo

Por Cristiane Lang (*) | 08/12/2024 13:30

Envelhecer é um processo natural e inevitável, mas também uma jornada que carrega um custo significativo. Não apenas financeiro, mas emocional, físico e social. Em uma sociedade que valoriza a juventude e a produtividade, a longevidade pode se tornar um desafio repleto de obstáculos.

Os custos financeiros do envelhecimento

Um dos aspectos mais evidentes é o impacto econômico. O aumento da expectativa de vida, embora positivo, traz consigo a necessidade de planejamento financeiro robusto. Medicamentos, consultas médicas frequentes, tratamentos especializados e, em muitos casos, cuidados prolongados em casa ou em instituições tornam-se despesas recorrentes. Além disso, há a perda de poder aquisitivo, já que muitas pessoas dependem de aposentadorias que, muitas vezes, não acompanham a inflação e o custo de vida.

Ainda há a necessidade de adaptar a vida cotidiana: reformas na casa para maior acessibilidade, veículos adaptados, ou até a mudança para residências que ofereçam mais segurança e comodidade. Cada ajuste, pequeno ou grande, tem um custo.

O custo emocional de envelhecer

A passagem do tempo também traz desafios emocionais. Muitas vezes, o envelhecimento está associado à perda de papéis sociais, como deixar o mercado de trabalho ou ver os filhos seguirem suas vidas. Há também o luto pelas pessoas que partem, o que pode intensificar sentimentos de solidão e inutilidade.

A sociedade, em grande parte, contribui para isso, ao marginalizar os mais velhos, tratá-los como incapazes ou torná-los invisíveis. Lidar com o preconceito etário, ou ageísmo, é um custo psicológico pesado que muitos enfrentam.

O custo físico do corpo em transformação

O corpo, inevitavelmente, muda com o tempo. Dores crônicas, redução de mobilidade, doenças degenerativas e perda de força são desafios comuns. Essas transformações podem limitar a independência, gerando um sentimento de frustração.

Além disso, manter a saúde exige disciplina e, muitas vezes, recursos. Exercícios físicos, alimentação saudável e tratamentos preventivos são investimentos que nem sempre estão ao alcance de todos.

Como enfrentar esses custos?

Envelhecer bem exige planejamento, mas também mudanças culturais. É fundamental começar a pensar sobre o futuro cedo, organizando finanças, cuidando da saúde e cultivando redes de apoio. Da mesma forma, a sociedade precisa reconhecer o valor da experiência acumulada ao longo da vida, combatendo estereótipos e garantindo direitos.

Políticas públicas que garantam acesso à saúde, educação financeira e apoio psicológico são cruciais para aliviar parte desse peso. Promover a inclusão dos idosos no mercado de trabalho e em espaços sociais também é uma maneira de reduzir os custos emocionais e sociais do envelhecimento.

O custo ou o valor de envelhecer?

Embora envelhecer seja caro, é importante lembrar que cada ano a mais traz oportunidades para aprendizado, novas conexões e momentos que enriquecem a vida. Investir na velhice é, na verdade, investir na dignidade e na valorização do tempo. Afinal, a longevidade é um privilégio, mesmo que tenha seu preço.

(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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