Familiar ou amigo doente: o que ajuda e o que atrapalha
Quando alguém próximo a nós enfrenta uma doença, seja física ou mental, é natural querermos ajudar. O desejo de estar presente e aliviar o sofrimento do outro demonstra carinho e preocupação. No entanto, muitas vezes, sem perceber, nossas atitudes podem acabar sendo mais prejudiciais do que úteis. Saber o que realmente ajuda – e o que devemos evitar – é fundamental para apoiar de maneira sensível e respeitosa.
O que realmente ajuda
1. Ofereça presença, não apenas palavras
Frases como “Se precisar, estou aqui” são bem-intencionadas, mas vagas. Oferecer presença concreta, como acompanhar em consultas ou estar disponível para ouvir sem julgamentos, tem um impacto muito maior.
2. Escute ativamente
Deixe que a pessoa fale sobre seus sentimentos, dores e medos, sem interromper ou tentar resolver tudo. Às vezes, apenas ser ouvido já é um alívio.
3. Pergunte como pode ajudar
Em vez de supor o que a pessoa precisa, pergunte diretamente: “O que eu posso fazer por você?” Cada pessoa enfrenta a doença de forma diferente, e suas necessidades variam.
4. Demonstre paciência e respeito
Pessoas doentes podem ter dias difíceis, humor instável ou necessidade de isolamento. Respeite o ritmo delas e esteja presente sem pressionar.
5. Ajude com tarefas práticas
Ofereça ajuda com coisas do dia a dia, como fazer compras, preparar refeições ou cuidar da casa. Essas pequenas ações aliviam a carga e mostram cuidado.
6. Cuide de si mesmo para cuidar do outro
Lidar com a doença de alguém querido pode ser emocionalmente desgastante. Reserve um tempo para cuidar da sua saúde mental e física, garantindo que você tenha energia para apoiar.
O que atrapalha
1. Minimizar o problema
Comentários como “Poderia ser pior” ou “Você precisa ser forte” podem invalidar os sentimentos da pessoa. Mesmo que a intenção seja encorajar, isso pode soar como falta de empatia.
2. Tentar ser o “solucionador de problemas”
A menos que você seja um profissional da saúde, evite dar conselhos médicos ou sugerir tratamentos milagrosos. Isso pode confundir e até irritar a pessoa.
3. Focar apenas na doença
Não reduza o outro à condição que está enfrentando. Pergunte sobre outros aspectos da vida dele, interesses ou momentos de felicidade, ajudando-o a se conectar com a normalidade.
4. Fazer comparações
Frases como “Meu amigo também teve isso e ficou bem” podem parecer motivadoras, mas ignoram a individualidade de cada situação.
5. Demonstrar pena excessiva
A compaixão é essencial, mas a piedade exagerada pode fazer a pessoa se sentir incapaz ou inferior. Mantenha uma abordagem equilibrada, demonstrando cuidado sem tratá-la como frágil.
6. Pressionar por atitudes ou mudanças
Evite forçar a pessoa a falar, buscar ajuda ou mudar algo se ela não estiver pronta. Respeite o tempo dela.
O equilíbrio entre ajudar e respeitar
É importante lembrar que, ao apoiar alguém doente, nosso papel não é resolver a situação, mas ser um ponto de apoio. Ofereça ajuda prática, mas também saiba reconhecer quando é hora de dar espaço. A comunicação aberta é essencial para entender o que a pessoa precisa naquele momento.
Estar ao lado de um familiar ou amigo doente exige empatia, paciência e sensibilidade. O verdadeiro apoio vem de gestos simples, mas genuínos, que mostram que a pessoa não está sozinha. Quando ajudamos com o coração aberto e respeitamos os limites do outro, somos capazes de oferecer conforto e força, mesmo nos momentos mais difíceis.
(*) Cristiane Lang é psicóloga clínica, especialista em Oncologia pelo Instituto de Ensino Albert Einstein de São Paulo.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.
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