Filosofia e Psicanálise: Freud explica?
Sim, Freud explica..., mas ele justifica?
As figuras de Freud e da Psicanálise são bastante conhecidas na cultura popular em geral. Todos nós já nos deparamos em algum momento com os termos “recalque”, “repressão”, “inconsciente”, “ato falho” etc. Todos esses termos, que são conceitos centrais da teoria psicanalítica, estão presentes em nossa música, literatura, em filmes, séries e novelas que assistimos, em nossas conversas de bar e até mesmo em nossas piadas. Isso mostra a enorme e marcante presença da Psicanálise em nossa cultura.
Talvez menos que Freud e a Psicanálise, a Filosofia e a sua longa lista de filósofos (as), embora também gozem de certo prestígio popular, é de modo geral vista como uma área de conhecimento menos “palatável”. Seu vocabulário excessivamente rebuscado e seu discurso frequentemente hermético acaba por gerar, especialmente diante da opinião pública e do imaginário social, a imagem de um saber extravagante, inebriado, às vezes ridículo, outras vezes, completamente inútil.
Sem discutir o mérito das questões a respeito da representação social de que tanto a Psicanálise quanto a Filosofia gozam, gostaria apenas de chamar a atenção para a existência do campo fecundo de estudos que se constituiu ao longo do Séc. XX a partir da interlocução entre estas duas ciências. É esse o sentido que eu gostaria de dar à interrogação acima: “Freud explica..., mas ele justifica?
O adágio “Freud explica” é tão amplamente conhecido que dispensa qualquer comentário adicional. Ele representa uma síntese didática do aporte teórico, técnico e metodológico que a Psicanálise criou. Já o complemento “mas ele justifica?” quer aqui apenas destacar o caráter crítico da Filosofia, sua característica mais básica. “Freud explica..., mas ele justifica?” significa então simplesmente o encontro da natureza explicativa da Psicanálise com a indagação filosófica por sua justificativa.
Quer compreender mais e melhor este encontro entre explicação e justificativa, entre Filosofia e Psicanálise?
Campo Grande receberá entre os dias 13 e 17 de novembro o “X Congresso Internacional de Filosofia e Psicanálise”. Serão quase vinte estudiosos vindos de todas as regiões do país, dois conferencistas internacionais (Itália e EUA) e mais de sessenta comunicações científicas de pesquisadores do Brasil, Costa Rica e Noruega. O tema do Congresso é: “Entre a trama e o movimento: para onde vai a Filosofia da Psicanálise?”
Serão cinco dias de reflexão aprofundada, apresentação de pesquisas e discussões teóricas, as mais diversas e das mais variadas perspectivas filosóficas sobre a Psicanálise. Trata-se do maior Congresso brasileiro sobre o tema e sem dúvida um dos mais importantes do ponto de vista internacional. Organizado pelo GT Filosofia e Psicanálise da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia), o evento está em sua décima edição e é a primeira vez que será realizado no centro-oeste do Brasil. Ocorrerá na UFMS, Campus Campo Grande.
Não apenas o público acadêmico, mas qualquer pessoa que tenha interesse por Filosofia ou Psicanálise pode participar. As inscrições são gratuitas e estão abertas por meio do link: www.gtfilosofiapsicanalise.com.br/inscricoes/. Veja a programação integral no site: www.gtfilosofiapsicanalise.com.br, faça sua inscrição e venha pensar Filosofia e Psicanálise conosco.
* Weiny César Freitas Pinto é Professor do Curso de Filosofia e do Mestrado em Psicologia da UFMS. Coordenador do GT Filosofia e Psicanálise da ANPOF. Email: weiny.freitas@ufms.br