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Humanos no século XXI

Por Gilberto Verardo (*) | 25/12/2023 08:30

Fazer um balanço reflexivo nos finais de ano, parece uma atividade filosófica automática. Vai desde os nomes mais escolhidos no ano até o que esperar no futuro próximo. Para este tipo de exercício, você pode se inspirar nas notícias veiculadas ou usar sua percepção pessoal. A capacidade empática de cada um deve mostrar que há pouca ou nenhuma diferença entre inquietações individuais ou coletivas.

Desnecessário ficar citando atos e fatos do cotidiano global neste ano, pois sugere um acirramento nas relações socioafetivas mundo afora.  Emoções e meio ambiente, principalmente, dizem muito do que se perdeu dos dourados sonhos Iluministas e da negada Contracultura dos anos sessenta. No que afinal nos transformamos?  Numa eterna luta entre civilidade e barbárie, entre primitivo e sofisticado ou ainda entre bem intencionado e maldoso? Estes paradoxos seculares e inconvenientes permanecem, se perdurando desde os simbólicos tempos de Adão e Eva.

Definitivamente não é por falta de tempo, muito menos de conselhos do Vaticano a acomodação da civilidade diante destes milenares paradoxos humanos. Nestas primeiras duas décadas do novo milênio, vinte e um século após a crucificação de uma mitologia civilizatória, na figura de Jesus Cristo, o ser humano, entre homens e mulheres, permanecem ora anjos ora demônios. Talvez nossa maior proeza tenha sido poluir a terra, os mares, a atmosfera e o cyber espaço, com seus milhares de satélites, a maioria já sem utilidade prática, além de continuar a insistir em guerras, como instrumentos irracionais e desumanos de conquista e dominação, sob as mais inocentes e mentirosas alegações.

Será a mesma postura nas relações socioafetivas? Exceto pouquíssimas almas, a humanidade ainda não decidiu se as pessoas seriam um produto do seu meio social ou se foram elas que fizeram seu meio social e ambiental se transformar nessa atmosfera de dúvidas e incertezas. Mais uma contradição que se acentua e permanece, como provocação para os humanos sonharem em superar este imbróglio civilizatório, que nem a vigésima oitava COP nos Emirados Árabes conseguiu avançar numa direção civilizatória. O modelo econômico saiu-se vencedor.

 Ao invés de buscar explicações para este tipo de impasse humanista, talvez seja mais oportuno recorrer a velha frase de Thomas Hobbes: o homem é o lobo do homem. Neste sentido, pessoas alimentam pessoas.  Não muito no sentido carnívoro, mas para alimentar desejos visíveis e invisíveis.  Grande parte nada republicanos. Evoluímos em que exatamente?

Neste crucial momento civilizatório, nos resta apegarmo-nos em outras mitologias.   Papai Noel é a adequada para o momento.   Devemos pedir um presente pessoal ou um presente para todos? Se depender do comércio, tem que ser pessoalíssimo. A depender dos governantes, a dúvida aumenta, já que a paparicada democracia não conseguiu domesticar os desejos pessoais para se tornar um São Francisco de Assis.

Quanto ao decantado Amor, não conseguiu sobrepujar os encantos da grana e nem da poesia.  E assim caminha a Humanidade, de Natal em Natal desejando sair de seu corpo primitivo atrás de uma alma sofisticada. Então, aproveite mais este Natal para exercitar seus desejos civilizados.

(*) Gilberto Verardo é Psicólogo humanista

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