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Monitoramento de casos de coronavírus e sua letalidade em indivíduos obesos

Silvia Helena de Carvalho Sales Peres (*) | 16/05/2020 13:19

A OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou a situação de pandemia da doença do coronavírus (covid-19) e, com a progressão da contaminação, observamos a vulnerabilidade de alguns países em relação a outros.

As medidas preventivas têm sido propostas para controlar a covid-19, como o distanciamento físico e social, com o intuito de reduzir a velocidade de contaminação, tendo em vista que sua taxa de transmissibilidade é muito elevada e sua letalidade não é baixa, o que gera a necessidade de respiradores mecânicos e internação em unidades de terapia intensiva, que muitas vezes não conseguem ser atendidas na velocidade que acometem a saúde da população.

Por um lado, verificamos que profissionais da saúde se encontram obrigados a fornecer e racionar cuidados de maneira sem precedentes, com orientação mínima necessária para o atendimento e tratamento desses pacientes. Por outro, os pacientes que são deixados no hospital sem contato com as famílias, com dores e a preocupação com o óbito. Ainda, as pessoas que tiveram resultado positivo para covid-19 são tratadas com distanciamento e medo em seu convívio familiar, uma vez que não há trabalhos científicos robustos que possam respaldar as escolhas.

Todos os atores não sabem como proceder, tentam oferecer o seu melhor e acabam algumas vezes sendo contaminados, necessitando de tratamento domiciliar ou hospitalar. Entretanto, o que se tem observado é a falta de insumos, sejam EPIs para os profissionais e para os pacientes, ou leitos, respiradores e unidades de terapia intensiva. Os indivíduos vulneráveis ficam mais expostos aos riscos de contaminação e dependem cada vez mais de políticas públicas de saúde que possam resguardar o direito à vida digna.

Em nosso país já existiam dificuldades sociais e econômicas para atender às necessidades da população carente, agora essas dificuldades estão cada dia mais evidentes. A OMS considera as doenças não transmissíveis, como a obesidade, um fator de risco importante para quem for acometido gravemente pelo coronavírus (covid-19). Um estudo recente realizado no Reino Unido mostrou que quase 72% dos pacientes em unidades de terapia intensiva estavam acima do peso ou com obesidade, sugerindo o impacto desses fatores na ocorrência de doentes com alta gravidade para a covid-19.

Se analisarmos os dados do Ministério da Saúde, temos que o número de obesos no País aumentou 67,8% entre 2006 e 2018, saindo de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018. Em 2018, o crescimento da obesidade foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, com 84,2% e 81,1%, respectivamente. A obesidade pode ter fator de risco aumentado quando o paciente também apresentar diabetes, sendo que 40% dos avaliados relataram ter recebido diagnóstico de diabetes.

No dia 22 de abril o Ministério da Saúde registrou 45.757 casos de coronavírus no Brasil e 2.906 mortes (total de casos confirmados), sendo que 25.318 pessoas foram consideradas recuperadas, correspondendo a 55,3% dos casos diagnosticados, e outras 17.533 permanecem em acompanhamento.

A taxa de letalidade por coronavírus, atualmente, é de 6,4%. Entretanto, deve-se ressaltar que alguns países conseguiram ter baixa letalidade, como a França, que vem oferecendo testagem massiva e suficiente número de leitos de UTI, além de recomendarem o contingenciamento social, orientações para os cuidados de lavagem das mãos e disponibilizando hospitais de campanha para atender a casos menos graves.

Os pesquisadores no mundo todo estão investigando o melhor tratamento, testando diferentes opções em estudos clínicos randomizados e possíveis vacinas contra a covid-19. Existem boas expectativas de que eles cheguem a um resultado adequado ao tratamento do coronavírus em breve. A população deve fazer sua parte, ficando em casa (caso possa) e tomando todos os cuidados de higiene com as mãos e produtos adquiridos nos estabelecimentos autorizados.

Vamos contribuir para que nosso sistema de saúde não entre em colapso, uma vez que todos nós poderemos ser prejudicados caso venhamos a necessitar de um respirador ou mesmo de ser entubados em situações graves causadas pelo coronavírus.

(*) Silvia Helena de Carvalho Sales Peres é coordenadora da área de Saúde Coletiva da Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru na Universidade de São Paulo.

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