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O aumento da tarifa de ônibus em Campo Grande e a inflação brasileira

Por Márcio Patrocinio (*) | 26/01/2025 08:34

Em 24 de janeiro de 2025, a tarifa do transporte coletivo em Campo Grande foi reajustada de R$ 4,75 para R$ 4,95, representando um aumento de aproximadamente 4,21%. No mesmo período, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou alta de 4,83% em 2024.

Comparando os dois índices, observa-se que o reajuste da tarifa de ônibus em Campo Grande (4,21%) ficou ligeiramente abaixo da inflação nacional acumulada em 2024 (4,83%). É importante notar que, em março de 2024, a tarifa havia sido reajustada de R$ 4,65 para R$ 4,75, um aumento de aproximadamente 2,15%.

Considerando os dois reajustes ocorridos em 2024, o aumento acumulado na tarifa de ônibus foi de cerca de 6,45%, superando a inflação acumulada no mesmo período.

Em 2013, o Brasil testemunhou uma onda de protestos nacionais iniciada em São Paulo devido ao aumento de R$ 0,20 na tarifa de ônibus, que passou de R$ 3,00 para R$ 3,20.

O movimento, inicialmente voltado contra o reajuste tarifário, rapidamente se transformou em uma mobilização nacional contra problemas estruturais, como corrupção, precariedade nos serviços públicos e falta de transparência nas gestões governamentais. Os protestos marcaram uma ruptura social significativa e demonstraram o poder da mobilização popular para questionar políticas públicas.

No caso de Campo Grande, o reajuste atual de R$ 0,20 na tarifa de ônibus, de R$ 4,75 para R$ 4,95, poderia gerar um descontentamento semelhante, especialmente porque ocorre em um cenário de inflação acumulada e de críticas à qualidade do transporte público.

Embora o percentual de aumento (4,21%) esteja abaixo da inflação nacional (4,83%), os usuários já enfrentam problemas como superlotação, atrasos e más condições dos veículos. Esses fatores podem amplificar a insatisfação popular, criando um ambiente propício para manifestações.

Uma diferença significativa entre os dois contextos é o impacto simbólico. Em 2013, o aumento de R$ 0,20 era percebido como um peso considerável para uma tarifa de R$ 3,00, enquanto hoje, com valores mais altos, o aumento proporcional pode não gerar o mesmo choque inicial.

No entanto, o acúmulo de reajustes e a percepção de que o serviço não melhora pode ser um estopim para mobilizações em Campo Grande, caso a população decida protestar por mais transparência e qualidade no transporte público.

Se a prefeitura e o Consórcio Guaicurus não implementarem melhorias visíveis, há o risco de insatisfação social crescer. A história de 2013 serve como um lembrete de que problemas aparentemente localizados podem se transformar em movimentos maiores quando conectados a questões mais amplas, como o custo de vida e a qualidade dos serviços públicos.

(*) Márcio Patrocinio é formado em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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