O mundo depois do “fique em casa”
O cenário de isolamento e as medidas de proteção ao contágio do novo Coronavírus impuseram o surgimento de novos hábitos e comportamentos no cotidiano das pessoas que vão perdurar mesmo que a pandemia acabe.
A principal conclusão que a crise do COVID-19 traz e trará para o futuro é que é muito difícil fazer previsões.
Porém, já é possível obter uma constatação unânime entre os especialistas: o mundo não será o mesmo daqui por diante.
A expressão que mais está ganhando relevância nos últimos meses é o “novo normal”. Apesar de não parecer, o termo é antigo, utilizado há tempos para indicar hábitos que parecem ser passageiros, mas, que vieram para ficar.
A pandemia do COVID-19 estartou um processo rápido de mudanças e transformação nas relações humanas, institucionais e interpessoais que estão afetando os mercados no mundo inteiro.
Estamos vivendo uma revolução digital, pautada por mudanças abruptas e forçadas principalmente nos comportamentos de convívio e consumo.
A pandemia está gerando um mundo de descobertas e oportunidades, o número de consumidores que compraram produtos pela primeira vez no mercado de varejo on-line aumentou exponencialmente.
O uso do e-commerce, especialmente na categoria dos alimentos e medicamentos, como canal de consumo, já é uma nova realidade para um público que antes via nessa tendência um enorme tabu.
De outro lado, muitos empresários e autônomos se viram obrigados a se adaptarem, se reinventarem, transformarem seus negócios, e também, pela primeira vez vivenciarem a experiência de vender produtos ou prestar serviços via internet.
É inconteste que a pandemia conectou milhões de pessoas ao comércio digital, inseriu milhões de empresas no sistema e no conforto da rede de vendas on-line, e certamente elas permanecerão conectadas, e cada vez mais fazendo negócios, mesmo quando essa crise passar.
Sem dúvida, o que estamos assistindo é a um amadurecimento nas relações de consumidor, e com o tempo, tanto os consumidores quanto empresários tenderão a não separarem mais as compras e vendas entre on-line e off-line.
Em paralelo a tudo isso, também cresceu substancialmente o número de acessos às plataformas virtuais de áudio e vídeo, não só com o objetivo de entretenimento, mas também para o uso profissional e educacional.
Será que você já se deu conta de que as pessoas estão encontrando novos meios e formas de se divertir, trabalhar, interagir, e até mesmo praticar esportes sem sair de casa?
Pois é, a nova realidade tem exigido das empresas, pessoas e organizações uma maior capacidade de trabalhar e processar os dados, informações e de reagir em tempo real às circunstâncias e ao cenário de mudanças, e essa realidade veio para ficar.
Essa crise alterou regras sociais seculares e acelerou uma revolução no ambiente corporativo das empresas e de negócios, ao ponto que, aquelas pessoas e empresas que não se adaptarem ao “novo normal” vão ser inevitavelmente deixadas para trás.
Quando tudo passar, teremos essencialmente uma sociedade alterada, mais experiente, mais conectada, mais consciente e mais informada.
(*) Fernando Abrahão é economista.