O valor fundamental
Fundamental significa básico, indispensável, essencial, necessário. É um adjetivo que faz referência àquilo que serve de fundamento, ou seja, que serve de alicerce, de sustentáculo. O que é fundamental permanece. Não muda.
Para mim, fundamental é a fé. Que não tem nada a ver com religião, porque não é crença. É a fidelidade no comportamento. E que necessariamente tem de estar baseada na filosofia. Porque sem filosofia que a sustente, a fé não anda, pois é indispensável para a nossa evolução.
Neste contexto da fé entendida como fidelidade, o âmbito filosófico diz respeito aos princípios que um indivíduo adota de acordo com o que diz sua consciência. Ou seja, tomemos o conceito de filosofia como filosofia de vida.
Esses princípios estão associados à liberdade individual, já que são normas propostas sem pressão externa, mas ligados a fatores externos e instituições sociais que possuem determinada influência no comportamento social.
No entanto, cada indivíduo tem seus princípios que estão de acordo com a educação e a experiência de vida de cada um. E eles serão acionados cada vez que a consciência assim exigir.
A seguir vem a religião, embora esta tenha sido deturpada em sua essência desde o princípio, pois passou a ser regida pelo interesse dominante em cada época e suscetível a receber influências diversas através dos tempos e lugares: costumes, preconceitos, valores, tradições, clima, localização, políticas etc.
De acordo com a história, a filosofia tem início na Antiguidade, quando surgem as cidades-estados na Grécia Antiga. Antes disso, o pensamento, a existência humana e os problemas do mundo eram apresentados de maneira mítica.
As explicações para as grandes questões da humanidade e as angústias do homem estavam baseadas na mitologia, na história dos deuses e, até mesmo, nos fenômenos da natureza.
Assim, com o surgimento da polis grega, os filósofos, que na época eram considerados enviados dos deuses, começaram a investigar e sistematizar o pensamento humano.
Com isso, surgiram novos questionamentos, que até aquele momento não tinham uma explicação racional. O pensamento mítico foi dando lugar ao pensamento racional e crítico, e daí surgiu a filosofia tal como a conhecemos hoje.
A filosofia é um campo de estudo que investiga a existência humana e o conhecimento por meio da análise racional. Do grego, o termo filosofia significa “amor ao conhecimento”.
Segundo o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), a filosofia é a disciplina responsável pela criação de conceitos: “A questão da filosofia é o ponto singular onde o conceito e a criação se remetem um ao outro.”
A filosofia procura incutir no espírito dos homens o amor à paz, à virtude, à equidade, ensinando os povos a se unirem, aceitarem o jugo das leis e curvarem-se à autoridade.
“O filósofo não é o dono da verdade, nem detém todo o conhecimento do mundo. Ele é apenas uma pessoa que é amiga do saber.” Pitágoras.
A filosofia nos induz à busca pelo autoconhecimento. Ela persegue um propósito e um sentido para tudo. E o pensamento crítico nos ajuda a tomar decisões mais conscientes em situações do dia a dia.
A filosofia melhora a nossa habilidade de racionalizar sistematicamente, não se acomodando perante as mazelas sociais e propondo melhorias para o ambiente à nossa volta; consequentemente, aguça a inteligência e estimula novas leituras e conhecimentos práticos da realidade.
A filosofia nos ensinou que o homem está no centro do universo. O homem é a medida de todas as coisas. Se aplicarmos isso de forma menos generalizada, conseguimos concluir que, de alguma forma, somos importantes. Ainda assim, perdemos tempo com coisas desnecessárias, com empregos que nos deixam infelizes e uma busca interminável por lucro.
A meu ver, a filosofia se desenvolveu por meio de Jesus Cristo, que nos ensinou normas de comportamento que acabaram sendo distorcidas para criar uma religião. O Sermão da Montanha encerra em si um ensinamento eterno e verdadeiro. As parábolas contêm fragmentos de uma sabedoria universal. O conceito de fé que Jesus nos ensinou embasa um conhecimento que para ser entendido demanda uma profunda meditação.
Jesus nos ensinou: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Eu acredito nisso. Aceito isso. Estou seguindo-O.
(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.