Outubro de oito a oitenta
No mês de outubro celebramos o Dia Internacional do Idoso (1/10) e o Dia das Crianças (12/10). No centro destas celebrações estão pessoas com necessidades e cuidados específicos e a luta pela garantia de seus direitos.
A infância, relacionada à inocência, à brincadeira, às condições plenas de desenvolvimento e aprendizagem, nos mostrou, nos momentos árduos da pandemia que ainda enfrentamos, o quanto o convívio com os idosos podia fazer falta. Infância e velhice reforçaram a importância das redes de apoio para as pessoas, relembrando que Estar e Ser em sociedade nos tornam humanos. Esses dois grupos também reafirmaram o quanto nossa sociedade pode ser preconceituosa com situações referentes à saúde, a capacidade, gênero, idade, fragilidade entre outros.
Não são raros os relatos de crianças e avós que descrevem uma conexão extraordinária entre si. O que faz esse relacionamento, essa conexão tão particular na construção de identidades? O antagónico é, na verdade, um espaço intergeracional relevante. A saudade dos avós, bem como a saudade de netos e netas, era a impossibilidade de partilhar afetos, emoções, sabores, causos, brincadeiras. A relação entre os dois “extremos” é algo que precisamos entender, tanto para o que os idosos vivenciam, como para as crianças e seu desenvolvimento posterior.
Em algumas situações, o desenrolar da vida pode afastar a pessoa idosa do que é mais precioso: a alegria de viver. Infelizmente, em uma sociedade com grande preconceito etário e obstáculos para com aqueles que envelhecem, envelhecer pode ser um processo bastante desafiador. Seria no encontro entre o mundo a ser descoberto dos primeiros anos e a sabedoria da experiência da velhice que estaria indicado o resgate ao desejo pela vida e por dias melhores. Esse encontro pode beneficiar as duas gerações.
As relações intergeracionais não tratam apenas de diferentes momentos cronológicos, mas de diferentes saberes, valores e memórias que podem viabilizar melhor longeviver para aqueles que experienciam essas relações.
(*) Gabriela Sousa de Melo Mieto é psicóloga, professora do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento (PED) e do PGPDE – Instituto de Psicologia – UnB.
(*) Francisco José Rengifo-Herrera é psicólogo, professor do Departamento de Teoria e Fundamentos (TEF) e do PPGE-MP – Faculdade de Educação – UnB..
(*) Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione é psicóloga, professora do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento (PED) e do PGPDE – Instituto de Psicologia – UnB.