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Planejar é preciso, pois viver é preciso

Milton Campos (*) | 02/01/2021 13:14

O título é uma singela adaptação da célebre citação latina “Navigare necesse, vivere non est necesse” – navegar é preciso, viver não é preciso –, que em sua forma original foi imortalizada por poetas como Francisco Petrarca, Fernando Pessoa e musicalmente por Caetano Veloso. O planejamento evita o denominado “apagar incêndios”, contexto no qual são adotadas medidas após a consumação de um ato ou fato e de forma desordenada, ocasionando maiores gastos e a obtenção de resultados paliativos ou adversos. Ao planejar, busca-se antever situação, ato ou fato que se entenda possível a ocorrência, seja em curto, médio ou longo prazos.

Essencial ao bom planejamento é o orçamento. Contempla variáveis qualitativas e quantitativas. Pessoas, empresas e governos devem planejar. É essencial, principalmente, em razão da escassez de recursos, que agora é acentuada mundialmente pela pandemia. Vivenciamos, constantemente, frágeis e equivocadas ações do governo, que denotam falta de planejamento ou sua inadequação. Ações que, em sua maioria, buscam somente frutos políticos e eleitoreiros imediatos ou não.

Além dessa nefanda forma de proceder, aloca-se na condução das ações, pessoas nem sempre qualificadas, mas consagradas a exercer a função em razão da proximidade do grupo político ou de certa categoria funcional, que dá suporte ao gestor, que, agindo assim, transforma o público em particular. O planejamento governamental deve visar todos e possuir amplo alcance social.

É inadmissível viver de incertezas quanto a formulação, implementação e, principalmente, aos efeitos de políticas públicas, resultando na prestação de serviços de má qualidade ou na indisponibilidade dos mesmos. Cito, apenas a título de exemplo, dentre tantos, recente interrupção abrupta de fornecimento de energia elétrica no Amapá. A situação evidenciou fortemente a falta de planejamento do governo para solução de problemas que já se anunciavam há tempos e nunca haviam recebido atenção necessária. A ausência de projeto bem definido e organizado também se traduziu na demora do reparo e volta do serviço.

Sabemos da existência de vacinas com capacidade imunizatória comprovada, outras em fase avançada de testes e até existem países que já utilizando. Em cenário positivo, estima-se que no Brasil, a vacinação ocorra no início de 2021. Possuímos, desde 1973, estruturado programa nacional de imunização, operacionalizado via SUS. Há, portanto, tempo hábil para que o governo federal coordene e prepare campanha de vacinação nacional, mediante planejamento que contemple todos os entes federados e as diversas variáveis, como os recursos materiais e humanos, a logística de conservação, distribuição. Isso permitirá que toda população alvo seja atendida de forma satisfatória, sem percalços. Planejar, portanto, é preciso, pois viver é preciso.

(*) Milton Campos é Mestre em Ciências Contábeis

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