Quem tem moral pra atirar pedra na Karol Conká?
Eu não assisto ao BBB, mas é impossível morar no Brasil e não saber da polêmica participação da cantora Karol Conká no programa e claro, sua eliminação com recorde de rejeição. Mas a pergunta que fica é: o que podemos aprender com o comportamento dela?
Me bastaram alguns memes, vídeos e trechos da eliminação para saber que a artista é apenas um de nós. Alguém com inúmeros problemas psicológicos e morais a serem superados. O BBB é um jogo e hoje as pessoas comemoram a eliminação de uma participante chata. Mas se é um jogo, apenas por que os telespectadores se enchem de ódio e desprezo, atacam alguém que nem conhecem?
No espiritismo, o processo de Reforma Íntima, obrigatório para todos os aprendizes da doutrina, consiste no autoconhecimento sobre as próprias inferioridades morais e o esforço constante para modificá-los. A mudança moral na busca de valores melhores é um processo doloroso, contínuo e interno.
É assim que nos tornamos conscientes de quem somos, das nossas fraquezas, sombras e mazelas. Nem sempre, aliás, na maioria das vezes, é difícil admitir comportamentos em nós que repudiamos no próximo. Pois, nossa tendência, enquanto seres humanos imperfeitos é enxergar com uma lupa os erros do outro, mas ser míope quando se trata de nós mesmos.
Não vou aqui me aprofundar em quem é a Karol Conká e seus problemas psicológicos decorrentes, talvez, de sua criação, porque não é meu lugar de fala. Mas quero chamar a atenção para que identifiquemos nela os comportamentos que também temos e não gostamos.
Karol é uma pessoa de combate, que ataca para se defender. E nós, como reagimos quando estamos numa situação de conflito? Será que também não temos um comportamento agressivo quando nos sentimos atingidos?
Examine sua consciência e relembre como você reage ao ser acusado ou contrariado em alguma situação. Talvez seja difícil admitir que, em alguns momentos, você se comporta mal, assim como nossa colega famosa. Importante considerar que o BBB é um aquário, onde, de fora enxergarmos todos os lados e os extremos se evidenciam.
Mas, na mesma situação de um deles, e olhando apenas para o nosso lado, será que não reagimos de maneira tão egoísta como algum dos colegas? Fato é que se vivêssemos em uma sociedade que olha para si antes de apontar o próximo, talvez hoje a Karol não tivesse que se proteger até fisicamente do ódio criado na sociedade.
Não quero aqui defender ou julgar ninguém. Apenas deixar a reflexão sobre a necessidade de olharmos para as imperfeições do outro com os mesmos olhos que vemos as nossas mazelas morais. Amor, perdão e autoconhecimento integram a chave capaz de nos ajudar a evoluir moralmente, rumo a um mundo melhor. Lembre-se sempre que nós somos a mudança que queremos ver no mundo, como bem nos ensinou Gandhi.