Reforço ao Programa MS Alfabetiza
Muito louvável a iniciativa do Governo de Mato Grosso do Sul de lançar um programa para reduzir o grave problema da alfabetização de crianças, que se dá hoje de maneira precária, muito longe do ideal. As estatísticas indicam que mais de 50% delas, no Brasil, atingem os 10 anos de idade sem saber ler nem escrever.
Mesmo não sendo de sua responsabilidade - a educação infantil é uma atribuição do município - o Governo lançou esse ousado e necessário projeto que ganhou a adesão unânime dos 79 municípios do Estado.
Louvável também o lançamento de um livro didático com ilustrações e textos infantis de autores da terra, que nada cobraram pelos seus serviços, o que merece nossos maiores elogios e agradecimentos.
Mas o objetivo do presente artigo é levantar outra questão que pode ajudar nesse processo de alfabetização com maior eficiência e resultados altamente positivos, como já comprovados.
Falo de uma grande campanha de incentivo à leitura especialmente para essa faixa etária anunciada. Pois os primeiros anos de vida escolar são as melhores oportunidades de se “fisgar” uma criança para o gosto pela leitura. Isso a levaria, não só durante a infância, mas também pela sua adolescência, juventude e maturidade a um patamar de absorção de conhecimento e sabedoria muito maiores do que daqueles que não têm o hábito de ler.
É muito triste ouvir de jovens e adultos a afirmação de que não gostam de ler. Falam isso, certamente porque não foram incentivados a fazê-lo desde o início de suas vidas.
Pais e professores são os maiores responsáveis pela falta de interesse de qualquer indivíduo pela leitura, pois são eles que estão na linha de frente desses pequeninos e que deveriam trabalhar para repassar esse necessário gosto pela busca de conhecimentos e prazer da leitura. Tão importante quanto ensinar bons princípios morais e espirituais a um indivíduo em formação é estimulá-lo a buscar conhecimentos (infinitos) existentes nos livros, que abrem mentes, tornam pessoas mais inteligentes e sábias, melhores preparadas para enfrentar os grandes desafios de qualquer natureza na vida.
Pais perdem uma grande oportunidade de iniciar esse processo de estímulo à leitura, quando não providenciam livros infantis para contar historinhas aos filhos não apenas na hora de dormir, mas também como um gostoso hábito durante as horas de lazer do dia a dia. Por intermédio desse ato as crianças percebem, aos poucos, que nos livros existem infinidades de informações e emoções que aguçam a mente e as enchem de alegria e emoção. Ficam sempre na expectativa de obter mais e mais desses conhecimentos, até que passam a procurar sozinhas as letras que formam imagens e personagens nas mais diversas situações. A criança descobre que o livro literalmente é um mundo de emoções e isso só vai ajudá-la, de diversas maneiras, em todas as fases da sua vida.
Ao professor, da mesma forma, pois tem o poder de influenciar os pequeninos a trilharem o mundo dos livros. Dessa forma, pode, se assim o quiser, ensinar-lhes o caminho da pesquisa, da busca do conhecimento de maneira prazerosa. Lamentável quando alguns professores confessam que não gostam de ler. Daí a dificuldade de repassar um gosto do qual ele próprio não desfruta.
Queiramos ou não, são eles, os livros, as melhores armas que uma sociedade pode adotar para se defender de qualquer ameaça ou desafio interno que surgir. Pois numa comunidade, cujos membros são bem formados e instruídos, dificilmente ela se enveredará por maus caminhos ou permitirá que isso aconteça.
Por meio da leitura o aluno aprende a se comunicar melhor; dialogar com todos à sua volta e a questionar. O hábito de ler produz conhecimento e permite ao aluno raciocinar sobre o assunto lido, obtendo assim, sua própria opinião referente às questões políticas, sociais e cognitivas que enfrenta no dia a dia.
Fico imaginando como seria uma grande campanha, encabeçada não apenas por esse governo regional, que mostrou-se sensível ao problema da alfabetização, mas por todo o país, envolvendo toda sociedade organizada, em favor do estímulo à leitura. Não tenho dúvida de que até mesmo adultos aprenderiam a gostar de ler e os resultados, altamente positivos, aflorariam não apenas no individual como no coletivo, tornando a comunidade um lugar muito melhor para se trabalhar e viver.
(*) Wilson Aquino é Jornalista e Professor.