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Sem debate não há democracia

Luciano Victor Barros Maluly (*) | 20/08/2022 08:30

Alguns meios de comunicação anunciaram, recentemente, o adiamento dos debates eleitorais para presidente da República, em virtude da ausência dos principais candidatos. Já não é de hoje que esse cenário se repete nos diversos pleitos brasileiros. Agora, a tática dos marqueteiros de plantão é ignorar o convite ou enviar uma desculpa esfarrapada.

Essa atitude reflete uma postura autoritária dos futuros governantes, que se fecham em si, e mesmo das empresas de mídia, que negam ao público o direito de conhecer e debater as propostas dos demais candidatos. Além disso, e mais uma vez, o jornalismo brasileiro escolhe os seus favoritos a mando de forças paralelas. Nosso futuro é assustador com políticos e comunicadores avessos ao diálogo, ou mais, aos princípios democráticos.

Na política, o debate é um direito e um dever que regem os candidatos e os eleitores, por meio da troca de ideias e de um possível consenso diante das demandas da sociedade.

Existem falhas nos formatos dos programas, com os produtores a cederem poucos minutos para a discussão de importantes e variados temas. Por isso, o ideal seria uma série de programas, com cada produção sendo pautada por um assunto de interesse público – emprego, saúde, educação, economia, segurança, entre outros.

A possibilidade de retransmissão dos debates por diversos canais seria um ganho ao processo eleitoral e também aos consórcios, assim como fizeram com as informações relacionadas à pandemia, especialmente diante dos dados sobre o contágio e as mortes.

O debate é uma tradição no curso de Jornalismo da USP, com os alunos a produzirem programas transmitidos pela Rádio USP, desde 2008. Um exercício de cidadania em que assuntos do cotidiano são analisados e discutidos pelos convidados, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e, assim, diminuir a desigualdade causada também pela falta de informações.

Sobre o estado atual das coisas, há uma expectativa geral para a realização dos debates entre os presidenciáveis, como um aceno à não violência e um tributo às liberdades – de expressão e de imprensa.

(*) Luciano Victor Barros Maluly é chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

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