Corumbá tem projeto no PAC para intervir nas áreas ocupadas de alto risco
Cerca de 140 famílias moram em situação de vulnerabilidade próximas ao rio
O deslizamento de encosta ocorrido no dia 16 de abril no bairro Beira-Rio, após forte chuva, é mais um sinal de alerta para o grave problema de ocupação desordenada e irregular que vem ocorrendo há décadas em Corumbá. A área crítica abrange a formação de uma escarpa caracterizada por uma rampa calcária inclinada entre a parte alta da cidade e o Rio Paraguai, se estendendo também para os morros, onde a energia elétrica chega com facilidade.
RESUMO
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Corumbá enfrenta grave problema de ocupação irregular em encostas, especialmente nos bairros Beira-Rio, Popular Velha, Arthur Marinho, Cervejaria, Borrowisk e Generoso. Deslizamentos recentes evidenciam os riscos de desastres naturais na região, agravados por construções frágeis e desmatamento. Estudos do município, UFMS e Serviço Geológico do Brasil apontam a área como de alto risco, com histórico de mortes e desabamentos. Para solucionar o problema, a prefeitura inscreveu projeto no novo PAC, visando obras de contenção em áreas de risco. O projeto prevê intervenções no bairro Beira-Rio, com investimento de R$ 5 milhões, contemplando 56 famílias. A proposta inclui drenagem, estabilização de encostas e contenção com concreto projetado, abrangendo uma área total de 45 mil m² e cinco núcleos, onde residem 143 famílias. A Defesa Civil realizará novo mapeamento para embasar o estudo técnico e as intervenções.
Levantamentos realizados pelo município, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Serviço Geológico do Brasil (SGB) apontam a região como potencialmente de risco de desastres naturais, como desmoronamentos e inundações. Já ocorreram incidentes com mortes e desabamento de casas construídas no topo de encostas íngremes ou em vales comprometidos por desmatamento, umidade elevada, acumulo de lixo e obstrução dos caminhos naturais da água.
Os maiores riscos se concentram nos bairros Popular Velha, Arthur Marinho, Cervejaria, Beira-Rio, Borrowisk e Generoso, ocupados por dezenas de famílias de baixa renda. Os espaços privilegiados, com vistas para o rio e o Pantanal, foram apropriados pela classe média, com construções de alto padrão. Às menos favorecidas restaram morar em ambientes seriamente impactados, agravados por construções frágeis que desafiam a lei da física.
Projeto no PAC - Levantamento do SGB, de 2019, observa que parte da área já fora desocupada pelo município, mas, devido as moradias não terem sido demolidas, as mesmas foram reocupadas. Há uma forte resistência para deixar o local, principalmente dos pescadores profissionais, que hoje têm fácil acesso ao rio para deslocar seus barcos a petrechos. A remoção, se ocorrer, vai transferir famílias para moradias na parte alta, distante da orla.
Um dos dez projetos inscritos pela prefeitura no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai intervir preventivamente nas encostas com obras de contenção para proteger as comunidades em áreas com histórico de deslizamentos. A complexidade do problema urbano, porém, vai além da infraestrutura para garantir maior estabilidade geotécnica na região. A polícia já identificou “bocas” de pó e o PCC estaria se infiltrando na comunidade.
“A proposta do município é atuar de forma articulada e coordenada com parceiros públicos e privados para resolver o problema em definitivo”, adiantou o superintendente da Defesa Civil, capitão bombeiro Silvanei Coelho. “Vamos fazer um novo mapeamento dos pontos críticos, casa por casa, para embasar o estudo técnico, após o qual haverá as intervenções.”
O subprojeto com recursos estimados (R$ 5 milhões) contempla o bairro Beira-Rio, área considerada de alto risco que hoje abriga 56 famílias (301 pessoas), compreendendo as ruas Ladário e Mariano Cavassa. O projeto global prevê obras de drenagem, estabilização das inclinações (de até 30m em relação ao porto) e contenção com concreto projetado, abrangendo uma área total de 45 mil m² e cinco núcleos, onde residem 143 famílias (730 pessoas).