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Política

Senadora de MS dá voz de prisão a empresário por falso testemunho

Soraya Thronicke (Podemos-MS) deu voz de prisão a Daniel Pardim por mentir sobre sociedade com investigada

Por Jhefferson Gamarra | 29/04/2025 13:54


RESUMO

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A CPI das Apostas Esportivas determinou a prisão do empresário Daniel Pardim Tavares Lima por falso testemunho. Ele negou conhecer sua sócia, Adélia de Jesus Soares, na empresa Peach Blossom River Technology, ligada à Payflow, alvo de investigação por lavagem de dinheiro. A relatora Soraya Thronicke afirmou que Pardim desrespeitou o Senado ao mentir repetidamente. Adélia será conduzida coercitivamente para depor, após faltar à convocação. A CPI investiga irregularidades no setor de apostas, incluindo possíveis esquemas criminosos. Parlamentares sugerem que Pardim pode atuar como "laranja" em operações ilícitas. O colegiado promete propor medidas legislativas para proteger a sociedade ao final dos trabalhos.

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, determinou nesta terça-feira (29) a prisão em flagrante do empresário Daniel Pardim Tavares Lima por falso testemunho durante seu depoimento no Senado. A ordem foi dada pela relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e confirmada pelo presidente do colegiado, senador Dr. Hiran (PP-RR).

Segundo os senadores, Pardim mentiu ao afirmar que não conhece a ex-BBB Adélia de Jesus Soares, sua sócia na empresa Peach Blossom River Technology. Essa empresa integra a estrutura da Payflow, companhia do setor de pagamentos digitais que presta serviços a plataformas de apostas on-line. A Payflow é alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal por suspeitas de lavagem de dinheiro e remessas ilegais de recursos para o exterior.

“Ele mentiu desde o começo, dizendo que não conhece sua sócia. Ninguém constitui uma sociedade com quem não conhece. Isso é um desrespeito à maior casa Legislativa do país”, afirmou Soraya. A senadora alegou ainda que Pardim teve diversas oportunidades de esclarecer os fatos, mas continuou omitindo informações.

Senadora de MS dá voz de prisão a empresário por falso testemunho
Senadora Soraya Thronicke durante discussão acalorada no Seando (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

A Polícia Legislativa ficou responsável por formalizar o auto de prisão. O presidente da CPI informou que Adélia de Jesus Soares será conduzida coercitivamente para prestar depoimento, após faltar à convocação feita para o mesmo dia. Ela também atua como advogada da influenciadora Deolane Bezerra, que não compareceu à CPI em 10 de abril.

Durante a sessão, houve tensão entre os parlamentares e os advogados de Pardim. Soraya afirmou que foi acusada de abuso de autoridade, mas garantiu que agiu dentro da legalidade. O senador Marcos Rogério (PL-RO) criticou os defensores de Pardim, dizendo que interferiram indevidamente nas respostas do depoente, que se apresentava como testemunha — condição que lhe permitiria apenas se calar diante de perguntas que pudessem incriminá-lo, não mentir.

A senadora também colocou em dúvida a origem do pagamento dos advogados, já que Pardim inicialmente se recusou a responder quem custeava sua defesa e depois afirmou que os serviços eram prestados “pro bono”. “Depois ele mentiu dizendo que era gratuito. Existe alguém pagando”, afirmou Soraya.

Senadora de MS dá voz de prisão a empresário por falso testemunho
Empresário Daniel Pardim Tavares Lima sendo conduzido pela Polícia Legislativa (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

Outros senadores levantaram a hipótese de que Pardim atua como “laranja” em esquemas ligados às apostas. Damares Alves (Republicanos-DF) e Izalci Lucas (PL-DF) destacaram que o empresário figura como sócio em outras empresas, inclusive fora do país, e sugeriram que sua imagem já estaria comprometida.

Após a prisão, a defesa repudiou a prisão do empresário, classificando-a como arbitrária e ilegal. Além disso, os advogados afirmaram que a CPI violou o direito constitucional ao silêncio ao obrigá-lo a depor, contrariando inclusive decisão do STF que garantia esse direito. A defesa garantiu que tomará medidas imediatas contra a prisão.

A CPI das Bets foi instalada em novembro de 2024 para apurar irregularidades no setor, que só teve sua regulamentação efetiva em janeiro de 2025, após um período de vácuo regulatório iniciado com a legalização das apostas esportivas em 2018. O colegiado investiga o envolvimento de empresas de apostas com organizações criminosas e promete apresentar propostas legislativas ao final dos trabalhos para proteger a sociedade brasileira.

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