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Por Heitor Freire (*) | 05/01/2015 10:48

Já vivi nos meus quase 75 anos situações muito inusitadas, algumas engraçadas, outras dramáticas e outras ainda “mezzo a mezzo”. Vou relatar duas vividas em Bonito.

Bonito, esse presente com que Deus brindou o nosso estado, tem sido eventualmente o destino da minha família para comemorarmos o Natal ou o Ano Novo. Acabamos de chegar de lá, hospedados no hotel Águas de Bonito.

Numa dessas vezes, fomos convidados pelo meu irmão e amigo Antônio Baiano Farias Santos a nos hospedar em sua fazenda, localizada praticamente no perímetro urbano de Bonito. Um lugar belíssimo, simples e confortável, cercado de natureza e banhado pelo rio Formoso, um dos rios mais cristalinos de toda a região. Passamos ali momentos memoráveis, com minhas filhas, genros e netos.

Lá fomos recepcionados cordialmente pelo caseiro Clodir e sua esposa, dona Zê, que faz o melhor feijão que já comi em minha vida. E lá conversando com o Clodir, um dos meus genros, Reynaldo Zangrandi, carioca, logo de cara se identificou com ele: ambos são botafoguenses. Quando o Reynaldo voltou para o Rio mandou para ele uma camiseta do Botafogo que lhe encaminhei por intermédio do Antônio Baiano.

O Baiano, além de nos oferecer a fazenda, nos brindou também com uma ovelha para a ceia de Natal. Quando o Clodir foi laçar a ovelha para matá-la, eu pedi a ele que me permitisse falar com ela. Ele me olhou surpreso: “Vai falar com a ovelha?”. Eu disse “sim”. Cheguei perto dela e disse no seu ouvido que ela seria sacrificada para servir de alimento para minha família e que eu lhe agradecia por isso.

Quando Clodir a amarrou pelos pés e sacou o facão para fazer o corte no pescoço, eu e meus genros estávamos assistindo a operação. Nesse momento, ao começar a escorrer o sangue, a ovelha levantou o pescoço, virou-se para mim e me olhou nos olhos. A seguir, entregou-se. Esse instante me marcou por muito tempo. Foi um fato inusitado.

Outra situação, vivi no Festival de Inverno de Bonito, edição de 2006. O Festival foi criado pelo Nilson Rodrigues e sua equipe, no governo Zeca do PT (1998-2006), tendo como coordenadora Andréa Freire. Participamos de algumas edições desde o início até 2006.

Durante a realização do Festival edição de 2006, dentro da programação, havia um almoço no dia 24 de agosto, no Aquário Natural de Bonito, complexo turístico que oferece o maravilhoso passeio de flutuação.
Nesse dia, estavam presentes, entre outros, a atriz Beth Goulart (convidada especial do Festival), Maria Alice, Márcio

De Camillo, Elis Regina, Gustavo Castelo, Andréa Freire, Belchior Cabral, Humberto Espíndola, Eduardo Medeiros, uma equipe de reportagem da revista Caras, eu e minha mulher.

Apesar de ser inverno, o dia estava bem quente e durante o almoço aconteceu um terrível acidente: começou um incêndio, que tomou conta do restaurante e se espalhou pelo teto de palha. O fogo atingiu também o centro de tratamento dos animais, mobilizando de imediato os funcionários e os convidados que almoçavam ali.

O Márcio de Camillo tomou a iniciativa de organizar uma brigada de apoio, em fila indiana, carregando água de balde, desde a piscina até o restaurante. Com essa mobilização conseguiram salvar os animais, até a chegada da Polícia Ambiental e dos Bombeiros.

Ressalto dessa situação o espírito de solidariedade que caracteriza o ser humano, mas principalmente o artista, aquele que tem sensibilidade e espírito de iniciativa que caracterizam a sua profissão.

Foi uma situação dramática.

(*) Heitor Freire, corretor de imóveis e advogado.

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