Sursum corda!
A vida é uma sucessão de situações inesperadas que nos trazem surpresa e nos chamam à ação. De repente, aos oitenta anos, me vejo escolhido para assumir a presidência da Santa Casa. Não pedi para ser presidente, mas sei que tenho plena capacidade de conduzir mais esta tarefa.
Estou convicto de que vou dar conta do recado. Este é o maior desafio da minha vida. Já venci muitos, mas desta vez, a missão é mais exigente e mais entusiasmante.
Profissionalmente, sou corretor de imóveis e advogado.
Na minha vida filosófica, fui presidente da Loja Maçônica onde fui iniciado maçom, pelo período de um ano. Presidi também os corpos filosóficos do Rito Escocês, que determina as hierarquias de evolução dentro da filosofia maçônica. Fui Grão Mestre da Grande Loja Maçônica de Mato Grosso do Sul por dois mandatos: 1991-1994 e 1997-2000. Nesse mesmo período, fui Chanceler da Funlec – Fundação Lowtons de Educação e Cultura, a rede de escolas fundada pela Grande Loja.
Na minha vida institucional, fui fundador e presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis (1980-1986); fundador do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), onde sou conselheiro efetivo há 21 anos; fundador do Secovi/MS (o sindicato patronal que representa as empresas de compra, venda, locação e administração de imóveis em nosso estado), do qual fui 2º vice presidente; fundador e presidente da Câmara de Valores Imobiliários (1986-1993); e há 5 anos sou membro da Comissão de Direito Imobiliário, Urbanístico e Registral da OAB-MS.
Mas me especializei também em exercer vice-presidências. Assim, fui vice-presidente da Federação do Comércio do Estado de Mato Grosso do Sul, na gestão do Sebastião Vieira D’Àvila, por 12 anos (1980-1992); do Instituto Histórico e Geográfico de MS, na gestão do professor Hildebrando Campestrini, também por 12 anos (2002-2014); da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande, em parte das duas últimas gestões do Esacheu Nascimento, e, por último na gestão do Heber Xavier. Sempre vice.
E agora, em virtude da renúncia de Heber Xavier, me vejo guindado a exercer a presidência da Santa Casa.
Portanto, me lanço ao trabalho e conto com a solidariedade e colaboração dos demais diretores. Apesar de todas as dificuldades, principalmente na área financeira, sei que posso contar com um quadro funcional da mais alta competência, aguerrida e dedicada.
Como é do conhecimento de todos, a Santa Casa sofreu intervenção pública entre os anos de 2005 e 2013. Nesse período a Prefeitura apropriou-se do CNPJ da Santa Casa e aumentou o rombo de uma dívida que era de 30 milhões de reais em 2005 para 160 milhões em oito anos. Além do prejuízo causado pela intervenção, enfrentamos uma defasagem entre o custo dos serviços oferecidos no atendimento ao público e os valores repassados pelo SUS ao hospital. Isso tudo somado, temos um enorme desafio de revertermos a situação e administrarmos a dívida.
Esta oportunidade nos permite colocar em prática muitos dos ensinamentos que aprendemos ao longo dos anos, como por exemplo, vencer o medo, a desesperança, encarar as dificuldades sem esperar que milagres caiam do céu, sem reclamar. Temos que agradecer, sem competir com ninguém, mas compartilhando, valorizando as pessoas, sabendo que a intenção sem ação é igual a nada.
Elevamos nossos pensamentos e atitudes ao mais profundo espírito de solidariedade e cooperação, buscando a inspiração divina para que nos guie neste projeto de reestruturação de uma instituição que é um dos maiores patrimônios do nosso estado. Nosso trabalho é para que todos possam contar com um atendimento de alto nível quando precisarem recorrer à Santa Casa. Nunca sabemos o que nos aguarda amanhã. Com as bençãos de Deus, já começamos a agir. Avante, irmãos.
Sursum corda! Corações ao Alto!
(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado.