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Tem como ser diferente

Por Ruth Cândida Lopes (*) | 04/12/2024 08:33

O ano de 2024 está terminando e esta que agora escreve quer te convidar a pensar diferente, há uma grande distância entre falar sobre algo e ter verdadeira empatia pelo que se fala, a empatia nos leva ao lugar do outro, a tentar refazer seus caminhos, entendendo suas emoções e razões.

Esse texto longe de ser de auto ajuda é um chamamento, uma mão segurando uma lanterna em meio a escuridão, sim uma pequena lanterna, pois quem está em situação de violência não vê, não consegue vislumbrar uma saída, o que também não é anormal, pois a sociedade também está aprendendo e adequando as saídas para lidar com esse tema tão grande, tão terrível e no entanto tão delicado.

Não há vergonha alguma em não saber, não saber onde ir, o que fazer, saiba que segundo o Instituto DataSenado (Instituto de Pesquisa do Senado Federal) em seu relatório de fevereiro de 2024, menos de 24% das mulheres brasileiras afirmam conhecer muito sobre a Lei Maria da Penha, em relatório realizado no ano de 2023 pela ONU Mulheres e Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc todos os dias a cada 10 minutos uma mulher é morta em razão de ser mulher; o relatório diz ainda em seu texto que a violência contra mulheres e meninas é a violação mais difundida contra os direitos humanos.

No entanto medidas estão sendo adotadas, leis estão sendo criadas, mudadas visando a proteção das mulheres vítimas de violência, exemplo é a Lei 14.994/2024 sancionada em 10 de outubro passado, que agrava a pena para o crime de feminicídio passando de 12 para 20 e podendo chegar a 40 anos de reclusão.

Como disse anteriormente a vítima na sociedade muitas vezes não sabe o que fazer, e mais que dados, esse é um texto para dizer a quem passa pela situação, não há vergonha em ser vítima, há formas de começar e recomeçar, há uma rede de apoio, de orientação, há talentos em você, habilidades para serem desenvolvidas que poderão ser fonte de renda.

Esse texto tem a intenção de desfazer uma realidade triste e vergonhosa, que é a inversão dos valores, mais uma barreira a ser quebrada pelas vítimas, não bastasse serem vítimas. Eu que agora escrevo, sou mulher, pessoa comum, que caminha anonimamente pelas ruas da cidade e talvez possamos passar uns pelos outros e você não saberá quem eu sou, mas tudo bem, terá valido a pena saber que ajudei a segurar a lanterna no meio da escuridão.

De forma que se ainda não sabe ou tem dúvidas de onde procurar ajuda, ligue 180, ou procure a Casa da Mulher Brasileira ou o CEAMCA (Centro de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência). Lembre-se sempre há pessoas que se importam com você.

(*) Ruth Cândida Lopes é bacharel em Direito, servidora pública, poetisa.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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