Acidente com 2 mortos é alerta para risco dos comboios de caminhões em rodovia
Apesar de proibidas, longas filas de caminhões são vistas em estradas de MS
Acidente envolvendo 4 carretas, que matou 2 caminhoneiros na BR-262, em Miranda, na última quarta-feira (29), acendeu um sinal de alerta para a formação de comboios de caminhões, uma prática proibida e perigosa que acontece diariamente em rodovias de Mato Grosso do Sul.
De acordo como DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o artigo 30 das normas gerais de circulação e conduta do Código de Trânsito Brasileiro, determina que veículos lentos, como no caso de caminhões, deverão manter distância suficiente entre si, para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança.
Apesar do desrespeito ser considerado grave e prever multa, a determinação não é cumprida. Caminhões são vistos frequentemente se deslocando em filas, sem deixar o espaço necessário para veículos menores que querem e precisam ultrapassar com segurança.
Com o desrespeito, longas filas nas estradas se formam atrás dos caminhões e ônibus, que obrigam a realização de ultrapassagens arriscadas, resultando em acidentes de trânsito, como o registrado da BR-262.
Além do perigo para o homem, o fluxo de caminhões em comboios também tem acarretado diversos atropelamentos de animais silvestres, principalmente, na região do Pantanal, onde há grande tráfego de caminhões com minérios.
“É assustador a quantidade de caminhões enfileirados, principalmente, no trajeto de Corumbá a Campo Grande. Antes a média era de 4 animais atropelados por dia, esse número agora disparou para 7. Atropelamentos é a segunda maior causa extinção de animais”, confirma o Coronel Ângelo Rabelo, presidente fundador do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).
Em 10 segundos de vídeo registrado nesta quinta-feira na BR-262, entre Campo Grande e Corumbá, é possível confirmar a sequência de caminhões em circulação. Na filmagem, 6 caminhões passam em sequência em alta velocidade. (Veja abaixo)
As empresas Vale e Vetorial, que exploram minérios em Corumbá, informaram que os motoristas que fazem o transporte dos materiais, pertencem a empresas terceirizadas. E que apesar de não possuírem controle, orientam os motoristas que realizam os fretes a trafegarem em segurança e respeitando as normas de trânsito.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal), responsável pelas fiscalizações nas estradas federais, foi procurada pela reportagem, mas até a publicação, não informou quais os tipos de ações são realizadas para coibir a prática de comboios de veículos pesados.
Tragédia - Caminhoneiros identificados como Daniel Silva, 42 anos e Valmir Angelo, de 53 anos, morreram na tarde quarta-feira (29), após engavetamento envolvendo 4 carretas na BR-262, na região de Miranda, a 201 quilômetros de Campo Grande.
Informações levantadas pela polícia são de que os dois primeiros caminhões frearam por causa de obras na pista, no entanto, o último não conseguiu parar a tempo e colidiu, provocando o acidente. Apenas o condutor do primeiro caminhão não teve ferimentos e as vítimas morreram prensadas nas ferragens. As cabines dos caminhões ficaram completamente retorcidas.