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Cidades

Análise de 13 anos coloca MS em 4º lugar em detecção por doenças tropicais

Boletim epidemiológico revela que o Estado também está entre os maiores números de mortes nessa classificação

Por Geniffer Valeriano | 02/02/2025 09:43
Análise de 13 anos coloca MS em 4º lugar em detecção por doenças tropicais
Mãe leva crianças para receber atendimentos em UPA (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Mato Grosso do Sul foi o 4ª estado com a maior taxa de detecção de DTNs (Doenças Tropicais Negligenciadas) entre crianças de 0 a 11 anos. O estado também se destaca entre os maiores números de mortes registradas. Os dados fazem parte de levantamento do Ministério da Saúde e abrange período de 2010 a 2023.

RESUMO

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Mato Grosso do Sul ocupa a quarta posição entre os estados com maior taxa de detecção de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) em crianças de 0 a 11 anos, segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (31). O levantamento, que analisou dados de 2010 a 2023, também aponta o estado entre os que registraram maior número de mortes por essas doenças. Foram avaliados 12 tipos de DTNs, incluindo dengue, chikungunya, doença de Chagas e leishmaniose. Quando considerados todos os casos, incluindo dengue e chikungunya, o Brasil registrou mais de 1,6 milhão de diagnósticos e 1.890 mortes no período. O Centro-Oeste apresentou a maior taxa de detecção, com 647,73 casos por 100 mil habitantes. O estudo revela ainda que as maiores taxas de mortalidade foram registradas em municípios de pequeno porte e com alto índice de privação social.

O “Boletim Epidemiológico do impacto das DTNs na morbimortalidade das crianças no Brasil” foi divulgado pelo governo federal. Segundo  informações da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), as doenças negligenciadas são aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são consideradas endêmicas em populações de baixa renda.

Conforme o boletim, foram analisados os casos detectados e óbitos registrados para 12 tipos de DTNs consideradas prioritárias para o Ministério da Saúde. Sendo elas: acidente ofídico (mordida de cobra), dengue, chikungunya, doença de Chagas, esquistossomose, hanseníase, filariose linfática, leishmaniose tegumentar, leishmaniose visceral, oncocercose, raiva humana e tracoma (doença ocular inflamatória crônica).

Análise de 13 anos coloca MS em 4º lugar em detecção por doenças tropicais
Sujeira e acúmulo de água são fatores que elevam os riscos de doenças tropicais (Foto/Arquivo)

Em um dos levantamentos, dengue e chikungunya não são inseridos na contagem. Neste caso, MS vai para 14º na posição do ranking nacional. Mas, quando as doenças entram na lista, o estado pula para a 4ª posição.

“As Doenças Tropicais Negligenciadas representam desafio persistente e significativo para a saúde global, cuja ocorrência pode implicar o comprometimento do crescimento e desenvolvimento de pessoas, desde a gestação e a primeira infância até a vida adulta”, introduz o boletim epidemiológico.

Análise de 13 anos coloca MS em 4º lugar em detecção por doenças tropicais

Infecção por estado e região - Conforme detalhado, as maiores taxas de detecção de DNTs em crianças de 0 a 11 anos foram registradas no Sudeste (41,5%), Nordeste (25,6%) e Centro-Oeste (15,6%).

“No entanto, a interpretação das variações regionais é mais bem tipificada a partir do reconhecimento das maiores taxas de detecção na região Centro-Oeste, seguida da Sudeste e da Norte, com valores de 647,73; 340,18; e 270,12 casos por 100 mil habitantes”, explica o boletim.

Ao todo, foram diagnosticados mais de 1,6 milhão de DNTs, considerando dengue e chikungunya, no Brasil. Sendo que os estados que lideram os casos são: Acre, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Ainda é detalhado que no Centro-Oeste do país foi observado que os aumentos significativos, entre as idades de 0 a 11 anos, ocorreram ao longo dos períodos de 2010-2014, 2015-2019 e 2020-2023.

Dengue, tracoma, chikungunya e acidente ofídico lideram ocorrências no público de 0 a 11 anos. Enquanto, entre as idades de 7 a 11 anos, dengue e tracoma são as principais infecções registradas. Sendo que na primeira infância a dengue e chikungunya possuem maior taxa de registro.

“As taxas de detecção de DTN entre crianças de 0-11 anos concentraram-se em municípios de médio e grande porte populacional. [...] Em municípios com nível do IBP (Índice Brasileiro de Privação) médio, observaram-se os maiores números e percentuais de casos, do mesmo modo, a maior taxa de detecção de DTN para crianças de 0-11 anos. Em municípios com nível do IBP alto, verificou-se a segunda maior taxa de detecção”.

Quando os casos de dengue e chikungunya não são considerados, a região Nordeste, Norte e Sudeste são onde os casos de Doenças Tropicais Negligenciadas concentram. O número de casos também é reduzido para  222.048 detecções.

Roraima, Tocantins, Acre, Ceará, Rondônia e Espírito Santo foram destaques para as mais altas taxas de detecção. Neste cenário, Mato Grosso do Sul cai para a 14ª posição. Porém, em ambas as situações, o Estado permanece acima da média do Brasil.

Sem que a dengue e chikungunya sejam consideradas, acidente ofídico, leishmaniose tegumentar, leishmaniose visceral e hanseníase passam a ter as maiores taxas de registro entre quem possui de 0 a 11 anos. De 7 a 11 anos e na primeira infância as infecção mais registradas são tracoma e acidente ofídico.

Análise de 13 anos coloca MS em 4º lugar em detecção por doenças tropicais

Mortalidade - As mortes por Doenças Tropicais Negligenciadas, quando considerados os casos de dengue e chikungunya, se concentraram nas regiões Nordeste (49,4%), Norte (18,8%) e Sudeste (347; 18,4%).

“As maiores taxas de mortalidade por DTN entre crianças de 0-11 anos foram registradas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A menor taxa foi verificada na região Sul”, complementa o boletim.

As mais altas taxas de mortalidade foram registradas em Roraima, Tocantins, Maranhão, Piauí, Mato Grosso, Pará e Mato Grosso do Sul. Ao todo, o país registrou  1.890 mortes por DTNs.

“Em municípios com nível do IBP muito alto, verificou-se o maior número e percentual de óbitos, bem como a maior taxa de mortalidade entre as DTN em análise para crianças”, detalha.

No levantamento, as regiões Nordeste, Norte e Sudeste continuam concentrando o maior número de óbitos, mesmo desconsiderando dengue e chikungunya. Roraima, Tocantins e Maranhão também continuam liderando o ranking.

Em quarta posição está o Pará, que é seguido por Piauí, Ceará e Mato Grosso do Sul. O número de mortes também apresenta uma redução de 804 casos registrados. Outra mudança é em relação ao tipo de cidade onde os óbitos ocorreram.

“A maioria dos óbitos por DTN em crianças de 0-11 anos ocorreu em municípios de pequeno porte II (20.001-50.000 habitantes), que também tiveram a mais expressiva taxa de mortalidade. Em municípios com nível do IBP muito alto, verificaram-se os maiores número e percentual de óbitos, bem como a maior taxa de mortalidade por DTN em análise para crianças”.

Neste cenário, sem a dengue e a chikungunya, a leishmanioses seguidas por acidente ofídico, com destaque para doença de Chagas e por raiva humana foram as principais causas das mortes de crianças de 0 a 11 anos.

“Principais DTN com ocorrência de óbitos na primeira infância: leishmanioses (91,7%), acidente ofídico (4,8%) e doença de Chagas (13; 1,4%). Nas crianças de 7-11 anos: acidente ofídico (44,4%), leishmanioses (38,9%), raiva humana (5,6%) e hanseníase (4,2%)”, completa o boletim.

O Campo Grande News procurou a SES (Secretária Estadual de Saúde) para falar sobre os dados, mas até o momento não houve retorno. O espaço segue aberto.

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