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Cidades

Asfixiadas por tabela SUS, clínicas de hemodiálise pedem socorro para não parar

“Materiais são importados e o déficit é de quase R$ 80 por procedimento”, diz médico

Aline dos Santos | 07/06/2022 15:14
Pacinete fazendo o tratamento de hemodiálise. (Foto: kisie Ainoã)
Pacinete fazendo o tratamento de hemodiálise. (Foto: kisie Ainoã)

Chamadas de clínicas satélites, serviços de hemodiálise da iniciativa privada, mas conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde), levaram um pedido de socorro ao governo do Estado. As clínicas pedem cofinanciamento da SES (Secretaria Estadual de Saúde) e das prefeituras para não interromper o atendimento. O serviço é financiado pelo governo federal.

A justificativa é de que a remuneração média de R$ 200 pela hemodiálise paga pelo SUS não arca com os gastos. Atualmente, Mato Grosso do Sul tem 2.022 pacientes que dependem da filtragem do sangue para sobreviver. A dura rotina dos renais crônicos já inclui viagens semanais por centenas de quilômetros. O Estado tem oito clínicas satélites.

“Seguindo modelos do Rio de Janeiro e Santa Catarina, as clínicas estão sensibilizando o poder público. Empresarialmente, elas não se sustentam e pode ocorrer situação de não receber mais pacientes ou fechar setores para diminuir os gastos. Os materiais são importados e o déficit é de quase R$ 80 por procedimento”, afirma o presidente do SinMed MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira.

Ainda de acordo com o médico nefrologista, o paciente que chega ao hospital com problemas renais que exijam o procedimento começa a hemodiálise no local, mas depois, o mais indicado é fazer o tratamento em ambiente extra-hospitalar. “Porque aumenta o risco de infecção hospitalar em pacientes já debilitados.”

O médico alerta para a ascensão de problemas renais, desencadeados por doenças bastante comuns aos brasileiros, como diabetes e hipertensão. Outro perigo aos rins reside no uso excessivo de anti-inflamatórios. Marcelo afirma que a projeção é de que uma cidade com cem mil habitantes, por exemplo, tenha novos 120 pacientes em diálise a cada ano.

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A Presidente da Abrec MS (Associação Beneficente dos Renais Crônicos), Maria Aparecida Arroyo, afirma que a defasagem veio ao longo de cinco anos. Em janeiro de 2017, o SUS reajustou o serviço em 8,47%. Em janeiro de 2022, o índice foi de 12%. Porém, não cobre o aumento dos gastos do período.

Enquanto um cateter custa R$ 300 para a clínica, o SUS paga R$ 80. No caso do cateter de longa permanência, o custo é de R$ 1.200, mas com remuneração de R$ 430.

“Tem muitos pacientes com a regulação pedindo vaga, mas não tem como atender. Os pacientes sentem os desesperos das clínicas”, diz. No tratamento, os renais crônicos passam até quatro horas na máquina que filtra o sangue, três vezes por semana.

A Secretaria Estadual de Saúde informa que esteve reunida na semana passada com as clínicas prestadoras do Sistema Único se Saúde e que avalia a proposta de cofinanciamento na prestação do serviço de hemodiálise no Estado.

Conforme a SES, os mais de dois mil pacientes são atendidos pelos serviço de hemodiálise nos municípios de Campo Grande, Coxim, Aquidauana, Costa Rica, Dourados, Ponta Porã, Corumbá, Três Lagoas, Bataguassu e Paranaíba.

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