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Capital

Licitação fracassa e HU começa a racionar sessões de hemodiálise pediátrica

Novo processo de compra foi aberto e materiais devem chegar na próxima semana

Gabrielle Tavares | 08/03/2022 15:33
Yasmin Vitória, 9, sofre com insuficiência renal e corre risco caso fique sem hemodiálise. (Foto: Arquivo Pessoal)
Yasmin Vitória, 9, sofre com insuficiência renal e corre risco caso fique sem hemodiálise. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hospital Universitário de Campo Grande (HU-UFMS) está com falta de insumos para hemodiálise pediátrica e agora, o mesmo problema une três mães diferentes: Fabiana, Ana Carla e Jossiane, que temem pelo prejuízo na saúde de seus filhos.

A unidade, que é a única no Estado que realiza este tipo de hemodiálise, está racionando o estoque atual e diminuiu as sessões das crianças que recebem atendimento no hospital. Segundo a assessoria, os materiais estão em falta em razão de um processo licitatório que não deu certo.

A paciente Yasmin Vitória Miranda, de 7 anos, tem síndrome nefrótica e até não conseguir fazer um transplante renal, precisa da hemodiálise praticamente todos os dias da semana, só não faz aos domingos.

Agora, a sua mãe, Fabiana Miranda, 30, teme pelo tratamento da filha. “As crianças necessitam desse tratamento, elas não podem ficar sem hemodiálise. Outras duas crianças já foram tiradas as hemodiálise e se a Yasmin ficar sem, ela não vai ter o rim funcionando, ela vai ter alteração cardíaca, alteração na pressão, ela corre risco de vida.”

Ela já foi pauta do Lado B quando pediu em cartinha para o Papai Noel, em dezembro do ano passado, um rim saudável. O presente ainda não chegou, mas ela ainda não perdeu as esperanças.

Outro paciente do HU, Gustavo Asaph Ramos Jordão, 9, e sua mãe, Ana Carla Basto Ramos, 31, moram em Miranda e viajam até a Capital três vezes na semana para que ele consiga fazer hemodiálise. Gustavo possui doença renal crônica em estágio final, oriunda de uma uropatia congênita.

“O processo para eles é essencial, até eles conseguirem fazer o transplante, o que tem salvado eles é a hemodiálise. Nós somos apenas três mães e para estas instituições grandes é fácil falar que não tem como. Nós somos vencidas pela burocracia, vencidas pelo sistema”, relatou Ana Carla.

Gustavo Asaph Ramos Jordão, 11 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gustavo Asaph Ramos Jordão, 11 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde 21 de dezembro do ano passado, eles acordam às 2h nas segundas, quartas e sextas-feiras, mas na última semana, o tratamento de Gustavo começou a ficar comprometido.

“Há umas duas semanas que a gente tem percebido uma movimentação estranha, os enfermeiros comentando sobre os materiais que estavam acabando. Aí, hoje de manhã (8), me falaram que eu não precisaria levar o Gustavo amanhã (quarta-feira) para fazer hemodiálise, porque eles estavam racionando material, pediram para levar ele só na sexta.”

Segundo Ana Carla, funcionários do Hospital chegaram a cogitar uma transferência interestadual para dar continuidade ao tratamento e ela, que tem outros dois filhos, entrou em desespero.

“Qual mãe que não entra em pânico? Se tiver que ser transferida com ele, vou ter que deixar meus outros dois filhos para trás. Começou a bater o desespero, nossos filhos dependem disso, dependem da hemodiálise, para ter uma qualidade de vida apesar de tudo. Eu, como mãe, fico muito preocupada”, lamentou.

Allifer Matheus Bezerra. (Foto: Arquivo Pessoal)
Allifer Matheus Bezerra. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem também foi afetado pela falta de materiais foi Allifer Matheus Bezerra, 11, que só conseguirá realizar a hemodiálise na sexta-feira (11). Sua mãe, Jossiane Bezerra Gonçalves, 36, explicou que ele tem cistinose nefropática e precisa das três sessões semanais da hemodiálise.

“A gente não sabe mais o que fazer, elas são crianças pequenas e precisam dialisar. Falaram que sexta-feira ele pode ir, mas estão cortando os dias, porque está faltando material. Elas necessitam dessa hemodiálise, estamos muito preocupadas.”

O HU alegou que emprestou insumos do Hospital Universitário do Espírito Santo e abriu um novo processo de compra. “Os materiais chegam na semana que vem”, informou em nota.

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