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Cidades

Bandidos ameaçavam policiais e vítima de sequestro: "você vai ser a primeira"

Advogada de 31 anos foi rendida na noite de quarta-feira e resgatada de cativeiro após gritar e correr

Silvia Frias | 01/08/2019 11:41
Veículo de advogada foi recuperado na Av. Duque de Caxias (Foto: Henrique Kawaminami)
Veículo de advogada foi recuperado na Av. Duque de Caxias (Foto: Henrique Kawaminami)

“Eu tô com uma pistola de 9 tiros, tô pronto para matar polícia, mas você vai ser a primeira”, foi uma das várias ameaças ouvidas pela advogada de 31 anos, rendida em sequestro ocorrido na noite de quarta-feira (31), em Campo Grande.

No cativeiro, rendida por dois homens, gritou por socorro ao avistar uma pessoa com boina, por acreditar que seria policial. Saiu correndo, mesmo correndo o risco de ser atingida pelos tiros disparados pelos bandidos e foi resgatada. Os homens que a mantiveram no cativeiro morreram em confronto.

A advogada prestou depoimento ontem (31), ao delegado Rodrigo Alencar Camapum, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da região central.

Ela disse que saiu de casa na noite de terça-feira (30) para buscar o marido em uma confraternização realizada em restaurante no Jardim dos Estados. Enquanto manobrava o veículo, notou a aproximação de Gol verde, com quatro ocupantes, mas, não deu importância por achar que era motorista de aplicativo que deixava passageiros no local.

Três dos ocupantes desceram e foram até o carro da advogada. Um deles bateu com uma arma no vidro de motorista e mandou que abrisse a porta e passasse para o banco do passageiro. Os outros dois entraram no veículo.

A mulher relatou à polícia que era ameaçada o tempo todo. Um dos bandidos manuseava arma e dizia: “eu não tenho nada para perder”. No trajeto, mandaram que o celular dela, um Iphone, fosse jogado fora. O aparelho foi lançado em trecho na esquina da Rua Paulo Coelho Machado, perto de shopping.

Próximo da Via Parque, ela passou para o banco de trás. Em todo o trajeto, segundo a vítima, os bandidos falavam com alguém por telefone celular. Um deles, identificado pelos comparsas como Negão estava irritado, pois teria que abastecer o veículo, a despesa sempre sobrava para ele e “já teve prejuízo de 200 reais”.

A vítima notou que estavam chegando próximo do bairro Nova Lima e outro homem entrou no veículo. Nesse momento, ela foi novamente ameaçada com arma e teve que abaixar a cabeça. Algum tempo depois, eles chegaram a área de matagal e a advogada notou que havia galpão próximo e, pelo barulho, estavam perto do Aeroporto Internacional de Campo Grande.

A vítima manteve-se de cabeça abaixada, em local sem iluminação e, por isso, não conseguia ver nada. O celular de um dos homens tocava o tempo todo, questionando se ela “estava comportada e se estava dando tudo certo”.

Pouco depois, ela percebeu uma luz se aproximando e pensou que pudesse ser a polícia. Um dos bandidos disse à ela para ficar quieta, que ele a mataria, por não ter nada a perder.

Ao ver uma pessoa de boina, percebeu que era PM e gritou “estou aqui”. No depoimento da equipe da PM, o grito foi considerado crucial para localização da vítima.

Mesmo com medo, agiu por impulso e saiu correndo. Logo em seguida, ouviu tiros. Após se aproximar da viatura, notou que um dos homens, que era identificado com Negão pelos comparsas, havia sido detido.

Nessa operação, dois integrantes da quadrilha foram mortos em confronto policial: Abraão Ferrarezi Lima, 18 anos e Davi Vitor Mendes, 21 anos. O veículo dela foi encontrado na Avenida Duque de Caxias e dois homens foram presos: Michael Vera Cruz de Assis e Ronaldo de Andrade Costa, 23 anos.

Outros 13 integrantes da polícia foram presos em operação da Polícia Civil, envolvidos na quadrilha que levava veículos para Bolívia. Dois ainda estão foragidos.

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