Bolsonaro volta a defender isolamento parcial e fala em risco à normalidade
Ele defende que idosos e outras pessoas com saúde vulnerável permaneçam isoladas e os demais retomem suas atividades
Depois do pronunciamento feito na noite desta terça-feira, defendendo a retomada de atividades produtivas no Brasil e de relativizar a gravidade do coronavírus, o presidente voltou à carga ao tema nesta manhã, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, ao falar a jornalistas. Ele defende que idosos e outras pessoas com saúde vulnerável permaneçam isoladas e os demais retomem suas atividades.
“Todos em casa vai ser um caos”, afirmou. Ele apontou que os autônomos somam cerca de 38 milhões de pessoas e que estão sem “ganha pão”, diante da falta de renda.
Bolsonaro disse ainda que vai recomendar ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que a regra passe a ser o que vem sendo chamado de “isolamento vertical”, tirando da quarentena os que não apresentam riscos graves à saúde. Não ficou claro se isso será taxativo ao ministro.
O presidente disse que segue a mesma tendência do presidente dos EUA, Donald Trump, “que está numa linha muito semelhante à minha”. Ele chegou a afirmar que o norte-americano prometeu a retomada de atividades econômicas nesta quarta-feira. “Se não reabrir, será o fim dos Estados Unidos e do Brasil”.
Bolsonaro destacou sua preocupação com a economia e que a pandemia gerará danos que todos pagarão o preço por anos. E voltou a criticar governadores, desta vez apontando diretamente o de São Paulo, João Dória Jr, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, dizendo que estão politizando a crise. “Se colocam como salvador da Pátria, o Messias”, dizendo não ser esse o caminho. Ele tem prevista videoconferência com governadores do Sudeste para hoje, depois de já se reunir com os dos demais estados.
O presidente sugeriu também que a crise gerada com a pandemia pode colocar em risco a normalidade democrática. Questionado por jornalistas exatamente o que defendia, disse que a esquerda poderia se aproveitar do momento para aplicar um golpe e retomar o poder. “Não é da minha parte não”, finalizou.
Ele ainda voltou a falar sobre a gravidade da Covid-19, argumentando que seria impossível haver “zero morte”, inclusive mencionando a própria mãe, que tem 92 anos. “Eu lamento”. Comentou ainda que outros vírus mataram mais que o coronavírus e voltou a falar no medicamento cloroquina, recomendado para tratamento da malária, como uma opção contra o coronavírus.
Questionado sobre a possibilidade de números elevados de mortes, disse ainda que era preciso tirar a sensação e pânico e terror, comparando a pandemia a uma chuva, que era preciso enfrentar, comprar um guarda-chuva.
Em outro momento, sugeriu que não se preocupa com sua popularidade, mas com o País, argumentando que não haverá disputa presidencial em breve, logo este tema não influenciaria em suas posições.
Ainda lembrou que além de autônomos e trabalhadores do setor privado, servidores públicos podem ter seus salários prejudicados com a crise financeira, argumentando que vai faltar dinheiro para pagá-los. Demonstrando o temor de um cenário sombrio, ainda falou do risco de saques.
A fala anterior do presidente, ontem, desencadeou uma série de manifestações contrárias de políticos e representadores de servidores da saúde, como infectologistas.