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Cidades

Campeã entre 26 universidades, UFMS expulsou 33 alunos que fraudaram cotas

Após denúncias de acadêmicos de Medicina à PF, em 2019, 18 estudantes foram excluídos por não comprovarem a condição de cotista

Anahi Zurutuza | 17/08/2020 15:19
Campus da UFMS em Campo Grande (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Campus da UFMS em Campo Grande (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

De 2017 para cá, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) investigou 44 denúncias de ingresso por fraude em cotas raciais e expulsou 33 acadêmicos que usaram irregularmente o sistema.

O levantamento foi feito pela Folha de S. Paulo com 26 das 69 universidades federais brasileiras que enviaram informações para a reportagem. Conforme a pesquisa, 163 estudantes das instituições que responderam foram expulsos após descoberta de fraude. Ao todo, 729 processos administrativos foram abertos para investigar alunos destes 26 estabelecimentos de ensino, conforme a Folha.

A UFMS é a campeã em número de expulsões. Em segundo lugar, aparece a Universidade Federal do Ceará, que desmatriculou 29 alunos de 2017 até agora.

Em 2018, quando estudantes denunciaram 23 colegas por suspeita de fraude no sistema de cotas, cartazes foram afixados nos vidros do Centro Acadêmico de Medicina (Foto: Izabela Sanchez/Arquivo)
Em 2018, quando estudantes denunciaram 23 colegas por suspeita de fraude no sistema de cotas, cartazes foram afixados nos vidros do Centro Acadêmico de Medicina (Foto: Izabela Sanchez/Arquivo)

Medicina - Em 2018, a fraude em cotas para ingresso no curso de Medicina da UFMS, historicamente um dos mais concorridos na universidade, foi tema de matéria do Campo Grande News. Estudantes entregaram um dossiê á Polícia Federal denunciando 23 pessoas que não se enquadrariam nos padrões exigidos para as cotas raciais, sociais e até de pessoas com deficiência.

Vinte e um casos foram investigados e em em fevereiro do ano passado, a UFMS confirmou a exclusão de 18 acadêmicos de Medicina que não conseguiram comprovar a condição de cotista. Pelo menos sete conseguiram voltar ao curso por determinação judicial.

À época, a instituição informou, por meio da assessoria de imprensa, que uma comissão específica analisa todos os pedidos para ingresso por cotas e que os candidatos, depois de toda a documentação entregue, também são avaliados no ato da matrícula por uma comissão de servidores capacitados.

A UFMS garantiu que todos os casos em que é formalizada denúncia são investigados. “A comunidade universitária pode auxiliar nesse processo com a formalização de denúncias na Ouvidoria, noticiando fraudes, fato que, se constatado, pode gerar a exclusão do aluno”, completou a nota.

Naquele ano, 882 pessoas se inscreveram nas seleções por meio das cotas e 540 foram aceitas.

O Campo Grande News tentou dados mais atualizados, mas até o fechamento desta matéria, não conseguiu retorno da UFMS, que somente confirmou os números usados na reportagem da Folha. A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) também não deram retorno ainda, para os pedidos feitos pela reportagem no início da manhã.

Cassação – No dia 13 de julho, a UnB (Universidade de Brasília) cassou os diplomas de dois alunos que, conforme investigação, fraudaram as cotas raciais. Foi a primeira vez no Brasil que a medida foi tomada após a conclusão do curso, disse o advogado da ONG Educafro, Irapuã Santana, em entrevista à Folha.

Para ele, uma das razões que explicariam a quantidade de fraudes detectadas é o baixo risco de enfrentar consequências no caso de descoberta.

O fraudador pode responder criminalmente por falsidade ideológica, explicou o advogado, mas ele não tem conhecimento de nenhum caso que tenha sido levado à esfera judicial.

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